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As Aventuras de Ngunga: Review de um Clássico da Literatura Angolana

As Aventuras de Ngunga: Review de um Clássico da Literatura Angolana

by João Antônio Batista Bortolotti

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Olá, leitor! Olá, leitora! A obra que quero recomendar em minha primeira coluna para o blog é um exemplo da expressão literária angolana, do escritor Pepetela. Antes de mais nada, creio que devo prosseguir com as apresentações. Chamo-me João Antônio, moro na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estado mais ao sul do país em que nasci, chamado Brasil. Sou novo aqui, colunista recém recrutado. Escreverei sobre literatura africana!

Sei que o leitor deve estar curioso para saber mais detalhes sobre o livro que será indicado. Pois, vamos ao que viemos. O romance “As aventuras de Ngunga” conta a história do menino Ngunga, feito órfão pela guerra que acontece em volta de si. Abandonado, sem os pais e a irmã, Ngunga sente-se perdido no mundo. A narrativa é ambientada no contexto da guerra angolana contra o colonialismo salazarista português. A realidade de Ngunga é destruída pela guerra e o menino precisa encontrar seu caminho novamente.

A orelha da capa da minha edição de “As aventuras de Ngunga”, da Editora Nandyala, contém algumas informações sobre o autor, sobre Pepetela, que acho interessante compartilhar.

Arthur Carlos Maurício Pestana dos Santos nasceu em Benguela, Angola, em 1941. Mais conhecido pelo nome de guerra “Pepetela” (“pestana” em umbundu), foi estudante universitário em Lisboa e participou do ativismo político-literário da Casa dos Estudantes do Império, a CEI. Nos anos 1970, lutou como guerrilheiro pela libertação de Angola. Conquistada a independência, Pepetela foi Vice-Ministro da Educação e, desde 1984, atua como professor de Sociologia na Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Pepetela é o maior romancista angolano e um dos mais renomados autores africanos de língua portuguesa. A qualidade literária de suas narrativas tornou-o merecedor do Prémio Camões em 1997.

A sedução do Romance “As aventuras de Ngunga

É incrível como “As aventuras de Ngunga” envolve e seduz o leitor. Não sou mais uma criança de treze anos, e tive uma infância completamente diferente da de Ngunga. Mas sinto que a curiosidade do menino é algo que existia em mim, quando era criança. Muito da minha paixão pela leitura, pela literatura, vem da infância, dessa curiosidade de conhecer o mundo. Ngunga, curioso como eu fui e sou, quer conhecer o mundo, saber como a vida funciona. Gosta de saber o que passa em seu redor. Gosta, acima de tudo, de ser criança.

Justamente, a curiosidade de Ngunga move a narrativa de Pepetela. O menino sai a andar pelo território, em busca de aventuras, em busca de experiências que acabarão por defini-lo, transformá-lo em uma pessoa diferente. Constantemente Ngunga questiona os valores das pessoas que o circundam. Faz isso quando observa, por exemplo, que o Comandante Kafuxi não dava tanta comida quando deveria, ou poderia, aos soldados do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Curioso e descontente com o que conclui a partir do que observa, Ngunga quer saber se todos os homens são egoístas como o Comandante Kafuxi.

 

Em certo ponto da narrativa, o Comandante Mavinga, responsável por outro posto do MPLA, decide que Ngunga é jovem demais para pegar em armas, como o menino deseja fazer. Mavinga decide que Ngunga deve ir à escola, ter aulas com o professor, chamado União. Muito a contragosto, vencido pela curiosidade que o move, Ngunga decide ir conhecer a tal escola, conhecer o tal professor. O que acontece durante o encontro dos dois é notável! Inicialmente desacreditado em relação à ideia de estudar e ao próprio professor, Ngunga surpreende-se ao conhecer União. No decorrer da narrativa, a relação de aprendizado mútuo desenvolvida entre os dois é belíssima!

Dentre inveja, ciúmes e corrupção, Ngunga descobre lentamente que os seres humanos à sua volta são cheios de defeitos. Muito do crescimento pessoal do menino com o andamento da narrativa pode ser considerado análogo ao percurso de Angola, como nação, em direção à independência conquistada pelo MPLA. Liberdade tomada a custo de sangrenta e violenta guerra colonial. Por outro lado, poderíamos considerar Ngunga como uma projeção literária do próprio autor, já que Pepetela fez parte do MPLA durante a guerra colonial de Angola. Interpretações pessoais à parte, não quero estragar a experiência da leitura, certo que estou de que quem está lendo este texto também lerá o livro indicado. Revelarei apenas um último detalhe: em meio às suas aventuras, Ngunga viverá uma história de amor.

Como já foi dito, o Romance “As aventuras de Ngunga” é sedutor. A linguagem é simples, o livro é pequeno, para ser lido em um final de tarde. Além disso, o fato de o protagonista ser uma criança de treze anos torna a obra muito atraente ao público mais jovem. Caso o leitor busque encaixar a leitura em seu contexto histórico, um tanto melhor. A leitura é realmente deliciosa! Espero que quem esteja lendo goste tanto quanto eu. Temporariamente, despeço-me, satisfeito por compartilhar uma obra literária de que gosto muito. Até à próxima!

Clique AQUI e confira também o nosso post dedicado a Pepetela: o maior nome da Literatura Angolana

 

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