Alfred Nobel: a nobreza conquistada após a morte
O Prémio Nobel é dos galardões mais conceituados no mundo atual em diversos campos, tendo um profundo impacto económico no campo da literatura. Basta lembrar o que aconteceu em Portugal, em 1998, quando José Saramago foi anunciado como prémio Nobel – as vendas dispararam no mundo inteiro. Neste artigo, exploramos a fundação deste prémio em torno da vida do seu fundador: Alfred Nobel.
Nascido em 1833, em Estocolmo, Alfred Nobel foi o quarto filho de Immanuel Nobel, inventor e químico sueco. De origens relativamente pobres, os pais mudaram-se para São Petersburgo (Rússia), em 1837, onde econtraram o sucesso como fabricantes de ferramentas e explosivos. O desafogo económico permitiu que Alfred Nobel pudesse seguir uma educação cuidada na área da química, o que aconteceu: primeiro, na Rússia, e depois em França e nos Estados Unidos da América.
Após a Guerra da Crimeia, Nobel regressou à Suécia e dedicou o seu tempo a tentar estabilizar a recém-descoberta nitroglicerina. De referir que ao longo da sua vida patenteou mais de 350 invenções, sendo a mais conhecida a dinamite, em 1867. O seu espírito inventivo e o seu sucesso na construção de armamento e no avanço científico garantiram-lhe um lugar na Academia Real das Ciências da Suécia e um honoris causa oferecido pela Universidade de Uppsala.
Apesar de dedicar a sua vida ao estudo de explosivos, Alfred Nobel era um pacifista. Por isso foi com horror que leu o obituário do seu irmão Ludvig num jornal francês, onde dizia que “o mercador da morte estava morto.” Corria o ano de 1891 e Nobel sentiu, nesse momento, que não queria que o seu legado passasse à história como um precipício para a morte, senão um contributo para o prolongamento da vida.
Alfred Nobel: o testamento que mudou a sua vida
Em 10 de dezembro de 1896, Alfred Nobel faleceu em San Remo (Itália), vítima de hemorragia cerebral. A sua fortuna pessoal foi deixada à família, sob forma de um fundo, que deveria ser usada na criação de uma fundação.
A Fundação Nobel foi criada em 29 de junho de 1900. Segundo o testamento de Alfred Nobel, a primeira tarefa da Fundação foi a de congregar todo o dinheiro da família e administrá-lo. A Fundação Nobel foi constituída por um conselho de 5 membros suecos ou noruegueses, com assento em Estocolmo. O presidente desde conselho é nomeado pelo Conselho do Rei sueco e os restantes membros são nomeados pelas principais academias de ciências e artes suecas e norueguesas.
O ano de 1901 inaugurou a entrega dos prémios. Voltando ao foco deste artigo, o anúncio do primeiro Nobel da Literatura ficou envolto em polémica, o que tem sido quase uma constante desde a sua fundação. O primeiro laureado foi o poeta francês Sully Prudhomme, um nome praticamente desconhecido do grande público que ficou mais famoso apenas por ser o primeiro prémio Nobel da Literatura.
Assim que foi anunciado, um grupo de 42 pessoas ligadas à literatura sueca insurgiram-se. Defendiam que o prémio deveria ter sido atribuído a Lev Tolstói, o autor de clássicos intemporais como Guerra e Paz e Anna Karénina, entre outras obras. Aliás, se ainda hoje a qualidade da escrita do mestre russo é irrefutável, já o era na época. No entanto, a sua perspetiva profundamente religiosa da sociedade associada a algumas ideias anarquistas, levaram o comité sueco a atribuir o prémio ao esquecido poeta francês.
Tolstói voltou a ser considerado para o prémio nos dois anos seguintes, mas não chegou a recebê-lo. Ao que parece, também não o queria, defendendo-se de que não saberia o que fazer ao dinheiro. Com polémicas ou não, o que é certo é que a fundação legada por Alfred Nobel continua a premiar anualmente pessoas que contribuem para o conhecimento em várias áreas da Humanidade.