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Charles Dickens, Oliver Twist e o fim da inocência da infância

Charles Dickens, Oliver Twist e o fim da inocência da infância

by Tiago Leão

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O nome de Charles Dickens é por demais conhecido entre todos os amantes de literatura. Afinal, quem não se recorda das histórias de Oliver Twist ou Um Conto de Natal? O britânico nasceu no ano de 1812, em Portsmouth, e era o segundo filho de uma família de oito irmãos. O pai era um funcionário naval que sonhava ser rico; a mãe queria ser professora e dirigir uma escola. Apesar de nunca terem conseguido cumprir os seus objetivos, até certo ponto, o casal foi feliz.

Com 4 anos, Dickens e a sua família mudaram-se para Camden Town, um bairro pobre da cidade de Londres. Em 1824, quando tinha apenas 12 anos de idade, viu o pai ser preso por não pagar as dívidas. Por essa altura, o patriarca começou a ganhar fama de viver acima das suas possibilidades. Como resultado, o jovem Charles foi obrigado a deixar a escola e começar a trabalhar. Nas palavras do próprio, o período marcou o fim da inocência e o início do sentimento de marginalização que, mais tarde, se viria a refletir nas suas obras literárias.

Depois do trabalho árduo, uma herança recebida pela família permitiu pagar as dívidas, dando a folga necessária para que Charles Dickens voltasse a estudar. O dinheiro não durou muito e, com 15 anos, voltou ao mundo do trabalho, desta vez como moço de recados num escritório. Rodeado de papéis, Dickens começou a apaixonar-se pelas artes e pelo jornalismo. Começou, então, a colaborar com jornais e, por volta de 1833, enviou alguns desenhos, onde assinava com o pseudónimo “Boz”.

Os desenhos foram um sucesso tal que acabaram por ser publicados num livro de 1836. A publicação chamou a atenção de Catherine Hogarth que mais tarde se tornaria Catherine Dickens. Seguiram-se várias incursões pelo humor, através de diferentes publicações onde imagens apareciam com legendas divertidas.

O primeiro romance foi lançado em 1837 e foi nada mais, nada menos do que Oliver Twist. A história do menino órfão que vivia nas ruas bebeu da sua própria experiência e foi um sucesso difícil de superar. Entre romances, Dickens deu continuidade à carreira nos jornais e revistas, chegando mesmo a fundar a publicação All the Year Round.

Charles Dickens: um sucesso nos EUA

Além de conquistar a Grã-Bretanha, Oliver Twist foi também um sucesso nos Estados Unidos da América, país onde Charles Dickens e Catherine estiveram numa digressão de conferências que iniciaram em 1842 e tiveram uma duração de 5 meses. De regresso ao país de origem, o escritor publicou American Notes for General Circulation, obra onde fala da viagem e critica abertamente a sociedade norte-americana, que descreve como materialista.

A experiência nos EUA serviu de inspiração novamente em 1843, exactamente o ano em que escreveu The Life and Adventures of Martin Chuzzlewit. O período que se seguiu foi marcado pela escrita de contos natalícios, sendo Christmas Carol o mais conhecido.

A primeira celebridade moderna

A visita aos EUA já referida foi um marco importante na carreira do autor britânico. De acordo com o seu biógrafo, J. B. Priestley, o autor “teve a melhor recepção que algum visitante à América alguma vez teve”. Alguns consideram mesmo que o escritor foi a primeira celebridade moderna.

O reconhecimento inicial foi recebido de bom grado por Dickens, mas com o tempo considerou tamanha atenção como abusiva. A publicação de críticas à sociedade norte-americana fez com que o carinho do público desse lugar a algum desprezo, sentimento esse que tentou colmatar com uma segunda digressão pelo território norte-americano. A viagem foi bem-sucedida e permitiu a reconciliação com o público nos EUA.

Outra estadia profícua de Dickens foi concretizada em Itália, onde escreveu Dealings with the Firm of Dombey and Son. Seguiu-se David Copperfield, uma narrativa inovadora, onde se inspira novamente nas suas próprias experiências pessoais para criar uma obra clássica do mundo da Literatura.

A década de 1850 foi particularmente difícil. Foi neste período que Charles Dickens perdeu não só o pai, como a filha. O episódio levou a um divórcio com grande exposição pública. Na mesma altura, encontrou Ellen “Nelly” Ternan, uma atriz inglesa com quem acabou por se envolver. Alguns estudiosos falam inclusive de traição, mas não existem muitos registos sobre o assunto.

Começava assim um período mais negro da vida de Charles Dickens, que se viria a refletir nas obras literárias. É o caso de “Bleak House”, onde fala do lado mais hipócrita da sociedade británica. Seguiram-se Hard Times e A Tale of Two Cities.

O escritor faleceu em 1870 na sequência de um enfarte. Tinha então 58 anos e já se encontrava debilitado graças a um acidente de comboio, de 1865, do qual nunca recuperou totalmente. Apesar do estado físico, Charles Dickens nunca parou de trabalhar. O seu último romance chama-se The Mystery of Edwin Drood e ficou inacabado.

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