Correntes d’Escritas: o maior festival literário de Portugal
As raízes da literatura em Portugal sempre foram fortes e, como se de uma árvore se tratasse, este tipo de arte tem crescido e estendido os seus ramos ao longo dos séculos. No blog Mundo de Livros dedicamos já uma série de artigos à história da literatura portuguesa para provar mesmo a origem do nosso valor literário.
Hoje, qualquer interessado em literatura poderá olhar para trás e reconhecer os vários padrões da história da literatura em Portugal. Mais do que identificar nomes de autores emblemáticos, será capaz de nomear correntes literárias, como é o caso do Romantismo, o Realismo e até mesmo o Modernismo.
Porém, será que somos capazes de identificar os autores e títulos contemporâneos que daqui a um século serão reconhecidos como os grandes nomes do século XXI? De forma a fazer história e distinguir alguns dos melhores autores nacionais, têm sido criados prémios e eventos em nome da Literatura Portuguesa.
Neste post, é sobre a Correntes d’Escritas que falamos, tratando-se este de um dos maiores eventos literários da Península Ibérica. Todos os anos, o evento tem lugar na Póvoa do Varzim, durante o mês de fevereiro e, para além de debates sobre diversos temas relacionados com literatura, é distinguido um escritor com o Prémio Literário Casino da Póvoa.
Correntes d’Escritas: em que consiste o festival?
Estávamos em 2000, ano em que se celebrou o centenário da morte de Eça de Queirós, quando se realizou pela primeira vez o festival literário Correntes d’Escritas. De ano para ano, o encontro foi ganhando notoriedade, atraindo o mais variado leque de nomes da literatura lusófona e espanhola. Hoje, é o maior evento deste género em Portugal.
Mas o que se passa no festival Correntes d’Escritas?
Essencialmente, é de literatura que se fala. Tradicionalmente, a abertura do festival acontece no Casino da Póvoa onde, desde 2004, se atribui o Prémio Literário Casino da Póvoa a autores que tenham escrito uma obra (prosa ou poesia) recentemente. O vencedor deste prémio é eleito por um júri Ibero-Afro-Americano que tem de escolher entre dez obras finalistas, selecionadas previamente por entre centenas de obras.
O prémio consiste na atribuição de 20 mil euros ao vencedor, assim como a oferta de uma réplica do símbolo da cidade e do mar entre os diferentes povos: a lancha poveira. Até hoje, já foram distinguidos doze autores. Confira a lista completa abaixo.
- 2004 – Lídia Jorge com a obra: Vento Assobiando nas Gruas (prosa)
- 2005 – António Franco Alexandre com a obra: Duende (poesia)
- 2006 – Carlos Ruiz Zafón com a obra: A Sombra do Vento (prosa)
- 2007 – Ana Luísa Amaral com a obra: A génese do Amor (poesia)
- 2008 – Ruy Duarte de Carvalho com a obra: Desmedida (prosa)
- 2009 – Gastão Cruz com a obra: A Moeda do Tempo (poesia)
- 2010 – Maria Velho da Costa com a obra: Myra (romance)
- 2011 – Pedro Tamen com a obra: O livro do sapateiro (poesia)
- 2012 – Rubem Fonseca com a obra: Bufo & Spallanzani (romance)
- 2013 – Hélia Correia com a obra: A terceira miséria (poesia)
- 2014 – Manuel Jorge Marmelo com a obra: Uma mentira mil vezes repetida (romance)
- 2016 – Javier Cercas com a obra: As Leis da Fronteira
O evento proporciona ainda a oportunidade perfeita para serem apresentados novos livros e se estabelecerem contactos entre editoras, autores e tradutores. As mesas de debates costumam ser um ponto alto do encontro, já que contam com intervenções interessantes de autores nacionais.
No mesmo encontro é também atribuído o Prémio Correntes D’Escritas/Papelaria Locus para jovens escritores entre os 15 e 18 anos e lançada a edição anual da revista Correntes d’Escritas que é sempre dedicada a um escritor nacional todos os anos. A edição mais recente foi dedicada a António Lobo Antunes e contou com depoimentos de vários autores assim como uma coletânea de contos originais.