Divergente: e se o mundo fosse dividido pelas capacidades das pessoas?
Num fim-de-semana em 2014 tive vontade de ir ao cinema e, entre as várias ofertas proporcionadas pelo cartaz, a que mais me chamou a atenção foi o filme . Já tinha ouvido falar daquela saga de livros e, uma vez, estive mesmo mesmo para comprar o primeiro da trilogia. Mas por notar que havia semelhanças com The Hunger Games e achar a sinopse confusa acabei por dar preferência a outro livro que agora já nem vos consigo dizer qual é. Algo reticente, acabei por entrar no cinema com uns amigos e vimos o filme.
Por norma, quando vejo um filme que foi adaptado de um livro, acho excusado lê-lo porque será uma leitura aborrecida e previsível. No entanto, daquela vez saí do cinema com uma enorme vontade de ler a saga de Veronica Roth. Afinal as semelhanças com The Hunger Games não eram assim tão evidentes e a sinopse que achara confusa acabou por se explicar por si mesma ao longo do filme. Porque não dar uma hipótese aos livros?
Bastou-me fazer uma pesquisa pelo eBay nessa noite para encontrar a trilogia inteira a um preço acessível e ainda por cima em edição de capa dura. Uma semana mais tarde, recebi-os direitinhos em minha casa e comecei a ler .
Divergente: e se a sociedade fosse dividida pelas capacidades de cada um?
Este é um livro destinado a todos os leitores que apreciam o género distopia. Em Divergente, o primeiro de três livros, somos introduzidos a uma narrativa cativante numa cidade de Chicago alternativa, isolada do resto do mundo por muros que a protegem dos perigos do exterior. Tudo isto acontece num futuro remoto em que algo correu mal. Como vamos descobrir no segundo livro da trilogia, Insurgente, houve um grande acidente genético. E mais não digo para não estragar história a ninguém!
Porém, a cidade de Chicago está diferente daquilo que conhecemos e tem agora uma nova forma de viver, extremamente organizada: as pessoas são divididas socialmente em 5 grupos, conforme a personalidade dos seus elementos: os Cândidos (sinceros), Abnegados (altruístas), Intrépidos (corajosos), Cordiais (amigáveis) e Eruditos (inteligentes). Tal divisão acontece após cada cidadão se submeter a um teste, na adolescência, que determina o seu perfil psicológico. Isto, claro, fez-me lembrar-me muito os livros de Harry Potter e a forma como cada estudante de Hogwarts é selecionado para uma equipa conforme a sua personalidade.
Porém, há casos – ainda que raros – de pessoas que não se enquadram exclusivamente com as características psicológicas de um destes grupos, mas sim com a de dois ou três. Tais pessoas são categorizadas de Divergentes e, se descobertas pelas autoridades, condenadas a viver como marginais da sociedade: ou pior, a ser executadas de forma discreta.
A personagem principal, Beatrice – que se dá mais pelo nome de Tris – é considerada durante o seu teste. Felizmente, quem lhe fez a simulação mental foi Tori – uma intrépida que viu alguém muito próximo morrer por ser Divergente – e que promete guardar o segredo de Tris, adulterando os resultados do teste para que indiquem Abnegado, a fação onde Tris nasceu e cresceu.
Mas Tris julga ser incapaz de viver o resto dos seus dias como uma Abnegada, sacrificando-se pelo bem da comunidade e privada de certos confortos comuns noutros grupos. Não pode, por exemplo, usar um espelho para não ficar vaidosa. A única ocasião em que vê o seu rosto é quando a mãe lhe corta o cabelo. Esta é apenas uma das muitas regras dos abnegados.
Para grande consternação dos pais, Beatrice escolhe juntar-se ao grupo dos Intrépidos – conhecidos pela sua coragem, por garantirem a segurança da cidade e vaguearem por Chicago em atividades radicais. Esta não é uma decisão fácil. Nos Interépidos, tem de convencer todos que é merecedora da sua posição naquele grupo, tendo por isso de superar inúmeros testes físicos e psicológicos.
Todavia, à medida que se erguem tensões entre os dois grupos mais importantes de Chicago – os Abnegados e os Eurditos – o segredo de Tris torna-se mais frágil. Eventualmente, acaba por ser mesmo a sua capacidade enquanto que acaba por lhe salvar a vida.