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Indonésia: a história de uma biblioteca que viaja a cavalo

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Indonésia: a história de uma biblioteca que viaja a cavalo

by Tiago Leão

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Um chama-se Ridwan Susuri, o outro chama-se Luna. Podem até nem ser da mesma espécie, mas tanto humano como cavalo partilham uma missão: levar a literatura às áreas da Indonésia onde os livros ainda são um objeto fora do comum.

Apesar dos esforços feitos pelo país, a literacia continua a ser um problema grave na Indonésia. Dados da UNESCO apontam que, em 2011, o número de pessoas que não sabiam ler nem escrever se fixava nos 6.7 milhões. O número é alto, todavia constitui uma conquista face aos 15.4 milhões que existiam em 2004.

Na luta contra o problema, há uma peça, que não sendo fundamental, é sem dúvida importante. Falamos de Ridwan Susuri, um homem de 42 anos, natural da vila de Serang, Purbalingga, na Ilha de Java. A área tropical é maioritariamente rural, fator que faz com que seja difícil a chegada de qualquer tipo de informação ou novidade.

Como tal, em Janeiro de 2015, Susuri decidiu colocar uma grande sacola no dorso de Luna e enchê-la com alguns livros. A partir daí, homem e cavalo formaram equipa, criando uma biblioteca ambulante chamada Kudapustaka, indonésio para ‘biblioteca a cavalo‘.

Hoje, são muitos os elogios feitos aos dois companheiros, que são já considerados uma parte fundamental das comunidades de Java.

Três vezes por semana, Luna e Ridwan visitam escolas. Tanto as crianças como os adultos não pagam nada pelo aluguer. Para o bibliotecário, o objetivo não é, nem nunca foi, ganhar dinheiro. ‘Gosto de cavalos e queria um hobby que trouxesse algum benefício para as pessoas’, conta numa entrevista.

 

O início de uma ideia em plena Indonésia

A ideia para criar uma biblioteca ambulante partiu de Nirwan Arsuka, um amigo de Susuri e também amante de cavalos. Na altura, Ridwan estava à procura de um nosso passatempo e esta pareceu-lhe uma excelente ideia. ‘Eu gostei, mas infelizmente não tinha nenhumas obras. Portanto, ele enviou-me caixas de livros’, conta.

O que ainda não dissemos é que além de ser amante de cavalos, Ridwan Susuri trabalhava como tratador, contratado por um dono que não prestava muita atenção aos animais.

Dos 3 cavalos de que tomava conta, o recém-bibliotecário escolheu Luna, animal que ele próprio acabou por domar. ‘Luna nunca pontapeou ou mordeu ninguém, é muito dócil com as crianças’, salienta.

A exposição mediática e o trabalho contínuo desenvolvido em Java têm feito com que a popularidade dos dois companheiros aumente tanto fora como dentro da Indonésia. Em simultâneo, aumenta também o número de doações.

Segundo Susuri, crianças gostam de livros de histórias e banda desenhada; adultos preferem livros de instruções que ensinem, por exemplo, como cultivar.

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