Inferno: uma alegoria dantesca sobre a sobrepopulação
Uma vez que o O Símbolo Perdido se tinha revelado uma grande desilusão, não criei grandes expectativas quando saiu Inferno, o quarto livro do norte-americano Dan Brown que, uma vez mais, tem como personagem central Robert Langdon – a mesma personagem de Anjos e Demónios e O Código Da Vinci.
Após fazer a compra, o livro esteve pousado na minha mesinha de cabeceira durante alguns dias até decidir pegar nele. E a primeira parte, apesar de Dan Brown ter quebrado a estrutura habitual com que começa os livros, não captou a minha atenção. Recordo que era extremamente aborrecida e confusa.
Mas como interessado em , o clássico épico do italiano Dante Alighieri, o livro começou a abrir o meu apetite literário mais ou menos a partir do capítulo quinze. Tendo como pano de fundo cidades como Florença, Veneza e também Istambul, Robert Langdon regressa em mais uma corrida contra o tempo para salvar o mundo, depois de uma organização o acordar a meio da noite (como sempre) e o resgatar num avião que o leva para longe de casa.
Como no passado, fui absorvido pela história e vivi-a intensamente. As descrições sobre as cidades provaram ser de novo fabulosas ao ponto de me levar a procurar imagens no Google e a visitar virtualmente todos aqueles lugares a partir do Google Maps. Isto, claro, para não falar de todas as obras-de-arte mencionadas, entre as quais a máscara da morte de Dante Alighieri – algo que não sabia sequer que existia.
Entretanto, enquanto Langdon tenta cumprir a sua missão, acompanhamos um misterioso antagonista que está envolvido com uma outra organização que manda um ou dois assassinos para impedir que Langdon arruíne os seus ambiciosos planos.
Inferno: o que gostei e o que espero no futuro
Bem, se tivesse de organizar os livros de Robert Langdon conforme a minha preferência, iria pôr , sem sombra de dúvida, em segundo lugar, abaixo de e sucedido então pelo e .
Os que conhecem bem a escrita de Dan Brown já estão habituados a saber que o vilão se acaba por revelar como um dos aliados do protagonista. Acontece sempre nos seus livros. Em O Símbolo Perdido estava exatamente à espera que isto acontecesse e consegui prever muito antes do final quem estava por detrás de todo o plano maquiavélico. A questão é que, em Inferno, Dan Brown consegue chocar novamente os leitores ao apresentar o antagonista e ao provar erradas as previsões de (quase) todos os leitores.
Outro ponto a favor de é o final. O livro não acaba com um final feliz, um segredo que se mantém secreto, uma ameaça que foi impedida. Muito pelo contrário. O antagonista tem sucesso e, por muito estranho que possa parecer, o plano consistiu em provocar algo terrível para remendar uma situação que é também negativa.
As consequências deste projeto marcam, de forma avassaladora, a realidade humana e cada um dos seres humanos no Planeta Terra. Uma pandemia que, caso acontecesse hoje, muito provavelmente provocaria guerras, conflitos, revoluções e inverteria todo o mundo através de uma onda de pânico.
Espero por isso que, no próximo livro de Dan Brown (que estou certo de que chegará num fururo próximo), o autor tenha o bom senso de não esquecer tudo aquilo que aconteceu em . Como leitor, gosto de me envolver na história e simpatizo com as personagens. Dan Brown, no entanto, muda o elenco inteiro de personagens de um livro para o outro, mantendo apenas Robert Langdon e ignorando todas as histórias que a personagem viveu no seu passado.