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J. K. Rowling e a magia que Portugal deu a Harry Potter

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J. K. Rowling e a magia que Portugal deu a Harry Potter

by Eduardo Aranha

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Qualquer fã residente em Portugal que seja apaixonado pelos livros de J. K. Rowling saberá dizer, com todo o orgulho, que a autora britânica viveu na cidade do Porto durante alguns anos da sua vida. Provavelmente, também terá uma noção de que foi durante esse período que desenvolveu grande parte dos rascunhos de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o livro que nos leva pela primeira vez a um universo de feitiços, Quidditch e lutas entre o bem e o mal.

Isto é o que se sabe de senso comum sobre a vida de J. K. Rowling em Portugal. A verdade é que a autora nunca se refere muito a este período da sua vida, quer em entrevistas, quer na biografia que encontramos no seu site oficial. Porém, para grande surpresa de alguns fãs, a autora revelou em agosto de 2015, através da sua conta do Twitter, que ainda conseguia dizer “qualquer coisa” em língua portuguesa:

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Motivados por estas duas palavras portuguesas, decidimos que estava na hora de fazer um longo artigo sobre a ligação de J. K. Rowling a Portugal. Quando é que a autora chegou à cidade do Porto? Por que razão deixou o Reino Unido? De que forma a cidade Invicta influenciou a escrita do mundo imaginário do rapaz que sobreviveu? Após investigarmos cuidadosamente estas perguntas, esperamos conseguir dar resposta a cada uma delas.

J. K Rowling: porque razão trocou o Reino Unido por Portugal?

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Antes de começarmos a falar da vida de J. K. Rowling em Portugal, quisemos perceber por que razão a autora decidiu deixar a sua terra natal. Não foi difícil encontrar resposta a este mistério. Em dezembro de 1990, após uma longa batalha contra esclerose múltipla, a mãe de J. K. Rowling morre, com 45 anos de idade. Terá sido por esta altura, como apontou J. K. Rowling anos mais tarde, que a história de Harry Potter se tornou mais obscura.

Os fãs atentos já perceberam que o jovem feiticeiro partilha alguns pontos em comum com a história da autora. A data de aniversário, marcada a 31 de julho, é um deles. O facto de ambos terem perdido as suas figuras maternas precocemente é outro. J. K. Rowling confirmou que a partir da morte da sua própria mãe a história de Harry se torna mais obscura, resultado da depressão que ela mesma estava a passar.

Como que para fugir e desanuviar da dor – à qual se acrescentou o fim de uma relação de longa data – J. K. Rowling decidiu que estava na hora de deixar o Reino Unido. A oportunidade de emigrar surgiu sob a forma de um anúncio no jornal The Guardian. O instituto de línguas Encounter English, no Porto, procurava uma professora. Joanne Kathleen Rowling responde ao anúncio e fica com o emprego. Em 1991, faz as malas e parte para a cidade do Porto. Assim se inicia um novo capítulo.

J. K. Rowling: o período mais negro da sua vida

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Ao viajar para Portugal já levava consigo os rascunhos dos primeiros capítulos de , o romance que lhe tinha vindo à cabeça ano anterior, depois de uma viagem de comboio de 4 horas. Felizmente, o seu novo horário de trabalho jogava em favor do papel e caneta: entre o final da tarde e o princípio da noite dava aulas de inglês; as restantes eram dedicadas, maioritariamente, ao seu novo amigo Potter. Lembra-se do capítulo O Espelho dos Invisíveis? A autora recorda-se de que foi um dos primeiros que desenvolveu durante as suas primeiras semanas em Portugal.

Entretanto, havia também pausas que não eram dedicadas nem ao ensino nem à magia. Ao lado de amigas com quem divida casa, J. K. Rowling frequentou a noite portuense. De acordo com uma reportagem do jornal Expresso, a britânica costumava frequentar a antiga discoteca Swing e o bar Meia Cave, na Ribeira, ambos encerrados. Terá sido numa dessas noites, algures em março de 1991, que o seu caminho de cruza com o do jornalista Jorge Arantes.

Hoje, este não é um nome que J. K. Rowling referira com frequência. O pai da sua primeira filha é relembrado como “o português com quem casei.” O casamento aconteceu a 16 de outubro de 1992 e terminou em novembro do ano seguinte. Por essa altura, o casal tinha já uma filha, Jessica, e uma série de problemas conjugais. A incompatibilidade de personalidades resultava em discussões constantes. Uma delas terminou com J. K. Rowling a ser expulsa de casa, às 5 horas da manhã, com nada mais para além das roupas que tinha vestidas e sem a filha.

Isso pôs um ponto final ao casamento. Com o apoio da colegas e amigas de trabalho Aine Kiely e Jill Prewett (a quem fez uma dedicatória em ), J. K. Rowling consegue recuperar a filha Jessica e, duas semanas depois, parte para Edinburgo, onde vai viver com a irmã. É assim que termina o seu período em Portugal.

A publicação de só viria a acontecer em 1997. A fama e fortuna vieram um pouco depois, com a publicação dos restantes livros. A partir do terceiro, começou a dedicar-se inteiramente à escrita. Hoje, após a publicação de mais de 10 livros, é detentora de uma das maiores fortunas do mundo. Voltou a casar, desta vez com o britânico Neil Murray, com quem já teve dois filhos.

6 coisas portuguesas que inspiraram J. K. Rowling

Pedra Filosofal… de António Gedeão?

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Em J. K. Rowling – Uma Biografia, do autor Sean Smith, é apontado um detalhe – ainda que nunca tenha sido confirmado pela autora – de que o título do primeiro livro da saga, assim como o objeto à qual anda à volta toda a história, possam ter sido inspirados pelo poema de António Gedeão. O emblemático poema, a quem Manuel Freire deu voz, é bem conhecido da cultura portuguesa. Poderá António Gedeão ser uma espécie de Nicolas Flamel?

Café Majestic

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Os turistas que passam pela rua de Santa Catarina ficam deslumbrados com o café Majestic. E a verdade é que J. K. Rowling também não ficou indiferente aos encantos da belíssima sala, com os seus espelhos e tonalidades douradas. Uma vez que se sentia confortável a escrever em cafés, não tardou a tornar-se cliente assídua do Majestic. Entre as suas mesas, ter-se-á sentado para escrever grande parte das aventuras do jovem feiticeiro.

Lello

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A livraria Flourish & Blotts, na Diagon-Al, é o local onde todos os feiticeiros vão comprar livros sobre feitiços, poções e história da magia. É descrita como uma loja “onde as prateleiras estão preenchidas até ao teto com livros tão grandes como pedras da calçada e revestidas a couro”. Parece-lhe familiar? A livraria Lello, no Porto, está entre as mais visitadas pela autora e não é difícil imaginar que ela se tenha inspirado na decoração e arquitetura deste espaço para criar a sua própria livraria mágica e até mesmo a biblioteca de Hogwarts.

Salazar

No segundo livro da saga, a , deparamo-nos com um nome familiar da história de Portugal: Salazar. E não se trata de uma mera personagem. Salazar Slytherin é o fundador da equipa de Hogwarts que recebe os estudantes mais inclinados para as artes das trevas. O feiticeiro acreditava na pureza do sangue e chegou até a preparar um plano para purgar a escola de alunos sangue-de-lama, ou seja, provenientes de famílias de não-feiticeiros. Uma vilão sem dúvida inspirado no ditador português António de Oliveira Salazar.

Palácio de Cristal

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Em 2009, aquando do lançamento do sexto filme da saga Harry Potter, o Expresso fez uma reportagem sobre a vida de J. K Rowling e apontou um detalhe curioso e pouco conhecido: a autora gostava de passar parte do seu tempo nos jardins do Palácio de Cristal. Com fontanários, flores, estátuas, uma torre histórica e até mesmo uma capela, poderá a autora  ter encontrado material para alimentar o seu imaginário? Também não nos parece difícil acreditar que tal tenha acontecido.

Traje Académico

traje

Por fim, falamos do traje académico universitário do Porto. Composto por peças de roupa negras – à excepção da camisa, que é branca – e de um manto longo que cobre as costas do estudante, o traje universitário da Invicta é sem dúvida semelhante aos usado pelos estudantes de Hogwarts. Os gorros,  uma peça reservada aos estudantes do sexo masculino, são até bicudos e compridos, muito semelhantes aos chapéus que os estudantes usam nos livros  e que, no primeiro filme, é usado pelos alunos durante os banquetes. Podem ver (ou rever) essa cena do filme aqui.

Terminamos o artigo com um documentário, realizado em 2007, que segue a vida de J. K. Rowling e acompanha os dias em que terminou de escrever o último livro da saga.

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Em 2016, J. K. Rowling regressa ao mundo de Harry Potter mas, desta vez, com o argumento original do filme Entretanto, os fãs da autora podem ler trabalhos como Uma Morte Súbita ou a nova saga policial de Cormoran Strike, assinados pelo pseudónimo da autora Robert Galbraith.

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Comments

  • Fábio Sousa
    22 October, 2015

    Eu amo Harry Potter,eu não tenho problemas que desvalorizem uma pessoa que gosta de Harry Potter ,porque gostar de coisas só porque o pessoal que eles andam gostam e tbm de gostar…mas obrigado j.k Rowling por esses brilhantes livros…e espero que me fascine com o fantásticas criaturas…obg!

    • Fábio Sousa
      22 October, 2015

      Tbm tem que gostar*

    • Eduardo Aranha
      23 October, 2015

      Olá Fábio Sousa! Obrigado pelo comentário. Os livros da J. K. Rowling influenciaram de facto uma geração e não há que esconder isso. Por cá, também aguardamos ansiosamente pelos Monstros Fantásticos & Onde Encontrá-los. Em breve deveremos ter mais notícias disso!

  • Lucia Trejo
    29 September, 2017

    Os filmes adaptados a os livros de Rowling sao espectaculares. O livro Animais Fantásticos e Onde Habitam é maravilhoso, alguém me recomendou e adorei que fizeram a adaptação cinematográfica. E faz pouco tempo que vi o filme a Animais Fantásticos e Onde Habitam e fiquei encantada, esta muito bem feita

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