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James Joyce: levar a literatura para além das barreiras morais

James Joyce

James Joyce: levar a literatura para além das barreiras morais

by Eduardo Aranha

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Referenciado como um dos mais importantes escritores de todos os tempos, James Joyce é conhecido por obras emblemáticas como  e . Destacou-se na escrita pelos romances explícitos que levantaram questões morais, relativamente a assuntos como a noção de obsceno. Neste artigo deixamos-lhe uma breve biografia do autor, natural de Dublin, República da Irlanda.

Nascido no ano de 1882 em Dublin, República da Irlanda, James Augustine Aloysius Joyce era o mais velho de uma família de 10 irmãos. O pai era tenor (um dos melhores do seu tempo), mas mesmo assim com dificuldades em conseguir um rendimento estável. O facto da família ser pobre não impediu James Joyce de estudar e desenvolver o gosto pela literatura: a certa altura, chegou mesmo a aprender norueguês sozinho para conseguir ler as peças de Henrik Ibsen no seu idioma original! Outros nomes como Dante, Aristóteles e Thomas Aquinas foram também influências importantes.

As evidências de uma inteligência acima da média fizeram com que os pais se esforçassem ainda mais para que o jovem Joyce prosseguisse os estudos. Mais tarde, frequentou a University College of London, onde se tornou bacharel em Artes, com especialização em línguas modernas. Depois da graduação, o escritor irlandês decidiu deixar o país para ir para Paris estudar medicina. A aventura não durou muito, já que pouco tempo depois a mãe adoeceu e faleceu.

Com a morte da mãe, James Joyce acabou por voltar ao país natal, onde conheceu Nora Barnacle, uma empregada de hotel com quem viria a casar. Em simultâneo, arrancava a carreira de escritor com o envio de alguns contos para a Homestead Magazine. Todavia, o sucesso não foi suficiente para que o escritor se mantivesse na Irlanda: em vez disso, viajou para a cidade de Pula, atual Croácia, e depois para Trieste, Itália.

Em território transalpino, James Joyce foi capaz de se sustentar graças às aulas de inglês. Ao mesmo tempo que ensinava, aproveitou a oportunidade para aprender italiano, apenas mais uma das 17 línguas que conseguia falar! Com Barnacle, visitou Roma e Paris, e embora o casal só se viesse a casar cerca de três décadas depois, tiveram dois filhos. O trabalho como professor servia como principal sustento.

O impulso de Ezra Pound aos primeiros romances de James Joyce

As viagens habituais não serviram de impedimento à escrita, pelo contrário, foram um motor inspiracional. Como tal, James Joyce continuou sempre a escrever:  resultou da junção de short stories e foi lançado em 1914. Seguiu-se pouco depois o livro agora mundialmente aclamado .

Os livros não foram um sucesso de vendas, no entanto, foram suficientes para captar a atenção de Ezra Pound. Como nome influente no seio literário, o crítico teceu enormes elogios ao estilo de escrita pouco convencional de James Joyce, gerando curiosidade em torno do escritor que viria a superar as expectativas com Ulisses.

 

Esta obra extraordinária e original começou a ser escrita logo após o lançamento de Dubliners e contava como seria um dia na cidade de Dublin. A data da narrativa correspondia ao dia em que Joyce e Barnacle se conheceram (16 de junho de 1904) e tinha 3 personagens principais: o equivalente às versões modernas de Telémaco, Ulisses e Penélope, da Odisseia de Homero.

Esta obra-prima destacou-se pelas técnicas avançadas de escrita e pela utilização de monólogos interiores, que deixavam os leitores em contacto direto com a história. O livro chegou a Paris no ano de 1922, causando bastante burburinho e levantando opiniões que, boas ou más, alavancaram o sucesso mundial de James Joyce.

A obscenidade de Ulisses

Um dos principais motivos por detrás da polémica está relacionado com as descrições que, na altura, eram consideradas obscenas. Ao longo do livro, o autor faz descrições diretas e descomplexadas de várias partes do corpo humano: o resultado foi a censura por parte de vários países e uma série de polémicas que chegaram mesmo a tribunal.

Depois de ser confiscado em algumas livrarias, o juíz John M. Woolsey nos Estados Unidos da América, acabou por decidir em 1934 que a editora poderia publicar a obra, já que esta não era considerada pornográfica. E apenas dois anos depois ficou disponível no Reino Unido!

Durante os anos que se seguiram, James Joyce viveu maioritariamente em Paris, local onde estava “protegido” pelo grande sucesso das suas obras. Com a Segunda Guerra Mundial, James Joyce teve de abandonar a capital francesa, regressando a Zurique, quase cego, em 1940. Ao longo da vida debateu-se com graves problemas oculares, mas foi em 1941 que acabou por falecer na sequência de uma cirurgia aos intestinos. Tinha, então, 59 anos.

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