Jane Austen: os amores que escreveu e os que ficaram por viver
Todos os amantes de literatura já ouviram falar de Jane Austen, uma das mais célebres autoras britânicas de sempre. Apesar de conhecermos obras como Orgulho e Preconceito, Sensibilidade e Bom Senso e Emma, é estranho constatar que a informação de que realmente dispomos sobre a própria autora é muito escassa. Porém, é isso mesmo que acontece. O que sabemos hoje provém de correspondência privada de Jane Austen e de relatos de familiares e amigos com quem se cruzou.
Jane Austen terá nascido no final de 1775, no dia de 16 de dezembro, no Hampshire, Inglaterra. Era a sétima filha do reverendo anglicano George Austen e da esposa, Cassandra. Dos irmãos, sabe-se que Jane era muito próxima de Henry, um bancário fracassado convertido à igreja, que terá sido o seu agente literário.
No entanto, não havia ninguém mais próximo de Jane do que Cassandra, a sua única irmã, que ao longo dos anos se manteve sempre como sua melhor amiga e confidente. Aliás, as cartas que as duas irmãs Austen trocaram permitem-nos hoje entrever alguns aspetos da vida da autora. Os fãs de Austen vão perceber facilmente que esta relação inspirou grande parte da obra literária da autora.
Afinal de contas, a relação entre as irmãs Bennet, em Orgulho e Preconceito, e entre as irmãs Dahswood, em Sensibilidade e Bom Senso, poderá ter sido facilmente inspirada na relação que Jane Austen mantinha com a sua irmã.
A educação da escritora inglesa foi muito dispersa. Consta-se que em 1783 se terá mudado com a irmã para uma casa em Southampton, para prosseguir os estudos sob a tutela de uma tal Sra. Cawley. Porém, uma epidemia obrigou-as a regressar à casa da família. Mais tarde, estudaram num colégio interno em Reading, onde Jane Austen encontrou a inspiração para escrever Emma. De resto, acredita-se que a educação tenha sido essencialmente doméstica e familiar, acontecendo entre os livros da grande biblioteca do pai.
Os (des)amores de Jane Austen
Apesar de ter escrito frequentemente sobre amor, com pitadas de sátira e crítica social, Jane Austen nunca casou… embora não lhe tivessem faltado oportunidades para tal. Pela altura da sua morte, tal como aconteceu com a irmã Cassandra, continuava solteira, dedicando-se às histórias que tinha passado para o papel.
O mais emblemático romance aconteceu com um jovem irlandês, parente de uma amiga da autora, denominado Thomas Lefroy. Pelo que sabemos das cartas de Austen, o romance terminou algures em 1976 – quando Jane tinha cerca de 20 anos. Isto porque Lefroy não tinha dinheiro suficiente para casar.
Em 1800, durante a época que passava com a família em Bath, Jane Austen terá também conhecido um jovem por quem se apaixonou. Apesar de terem combinado encontrar-se outra vez, o pretendente morreu de doença antes de tal encontro.
Em 1802, Jane Austen chegou a estar noiva, mas historiadores acreditam que o noivado foi de pouca duração, provavelmente de apenas algumas horas. Se a informação que nos chega hoje estiver certa, então este estranho noivado terá acontecido enquanto Jane Austen estava instalada na casa de amigos da família, perto de Steventon. O pretendente, um tal de Harrys Bigg-Wither, terá ganho coragem para a pedir em casamento. Austen, na altura com cerca de 27 anos, terá aceite o pedido de noivado mas, arrependida da decisão, rompeu o compromisso no dia seguinte.
Jane Austen publicou o seu primeiro livro Sensibilidade e Bom Senso em outubro de 1811, assinando apenas com “By A Lady” (Por Uma Senhora). Seguir-se-iam mais cinco romances até adoecer, em 1816. Pela altura da sua morte, aos 41 anos, estava a escrever o seu sétimo romance, Sanditon, que nunca foi acabado. A fama que lhe foi reconhecida em vida foi apenas uma pequena fatia do reconhecimento que chegou postumamente.