Ken Follett: as vidas de um século já têm uma trilogia
Correndo o risco de incorrer em demasiada subjetividade, podemos dizer que o século XX foi aquele que assistiu a maiores mudanças de paradigma. Falamos não só de inovações ao nível tecnológico, como também de mudanças no que diz respeito à alteração de fronteiras ou transformações sociais.
De 1901 a 2000, ocorreram duas Guerras Mundiais e uma Guerra Fria, criou-se a bomba atómica, as mulheres conquistaram o direito ao voto, nasceram novos países – como Israel – e desfizeram-se outros – como a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A lista continua mas é já suficiente para enumerar alguns dos acontecimentos vividos pelas personagens de Ken Follett na trilogia O Século.
Lançado em 2010, o livro A Queda dos Gigantes dava início a uma sequência de histórias de um enredo ligado por laços familiares, amizades ou por qualquer outro motivo. Ao longo de cerca de um século, o autor deste romance usa factos verídicos para enquadrar enredos ficcionados que, várias vezes, se cruzam com a realidade. Ao longo deste post, vamos explorar cada um dos livros que, ao todo, narram mais ou menos um século de história.
Autor de vários outros livros de renome, o britânico é já conhecido pela série de best sellers. Entre eles destacam-se obras como Os Pilares da Terra ou Um Mundo Sem Fim. No Limiar da Eternidade, de 2007, é um dos seus trabalhos mais recentes, concluindo aquela que é uma das trilogias mais ambiciosas de sempre. O objetivo: reconstruir o passado e transpor para livro quase cem anos de histórias.
Ken Follett: O Século dividido em 3 partes
A Queda dos Gigantes (2010)
começa precisamente a 22 de junho de 1911, dia em que George V de Inglaterra foi coroado. Retratando cinco famílias de várias partes do mundo, Ken Follet explora as realidades de diferentes países: de Inglaterra passamos para a União Soviética, daí para a Alemanha e depois para os Estados Unidos.
O papel principal é partilhado por várias personagens, aos olhos das quais acompanhamos alguns dos episódios mais marcantes do último século. Falamos, por exemplo, da Revolução Vermelha, o despoletar do movimento sufragista ou os vários acontecimentos da I Guerra Mundial.
Durante as peripécias, as personagens cruzam-se frequentemente com figuras históricas que neste volume se transformam também elas em personagens. A título de exemplo, podemos referir grades nomes da História como Winston Churchill, Lenine e Trotsky.
O Inverno do Mundo (2012)
Mantendo os mesmos moldes, , de 2012, dá continuidade à história com os descentes dos personagens principais do livro anterior. Através da escrita de somos novamente colocados no lugar das pessoas que viveram momentos marcantes, neste caso a II Guerra Mundial, que por sinal ocupa maior parte das páginas do livro.
Com uma complexidade cada vez mais densa, cruza personagens que não se conhecem mas que possuem graus de parentesco muito próximos. Mais uma vez, as histórias pessoais de cada um misturam-se com factos históricos. Desta forma, também nós vivemos a ascensão do Terceiro Reich, o Holocausto ou a Guerra Civil Espanhola. De capítulo a capítulo, o leitor vai mudando de localização: de Moscovo, passamos por exemplo para Londres ou para Pearl Harbor.
O retrato dos acontecimentos que se desenrolam nestes e noutros locais é rico em pormenores. Com uma escrita fluída, é capaz de nos fazer interiorizar o pensamento da época, assim como transmitir na perfeição o clima social da altura. O livro termina na Alemanha pós II Guerra Mundial, numa cidade de Berlim desgovernada, onde a pobreza e o medo são o pão-nosso de cada dia.
No Limiar da Eternidade (2014)
, de 2014, é o livro que conclui a trilogia O Século. A narrativa recomeça em 1961, mais uma com os descendentes das 5 famílias com que o primeiro livro começou. Num mundo cada vez mais global, a obra alarga o seu raio de ação, estendendo-se a países que até então nunca tinham sido referenciados.
Vestindo a pele dos diferentes personagens, presenciamos alguns dos principais episódios que marcaram o período de conflito silencioso, que correspondeu à Guerra Fria. Da crise dos mísseis de Cuba, passamos para o assassinado de John F. Kennedy e a ascensão do movimento civil de Martin Luther King.
A música também tem lugar nas páginas de Ken Follett: assistimos ao nascimento do pop e do rock, fenómenos conciliados com acontecimentos maioritariamente políticos. O livro termina em 1989, com a Queda do Muro de Berlim, episódio que marca o encerramento da Guerra Fria.