Ando a ler menos livros. O que posso fazer para mudar isso?
Há cerca de um ano para cá que tenho notado que o meu ritmo de leitura, infelizmente, tem diminuído de forma avassaladora. Se há um ano atrás era capaz de ler em média um livro por semana, hoje consigo ler um livro por mês (se estiver num mês bom!) e já me dou por sortudo. Basta olhar para as minhas estatísticas de leitura no Goodreads para perceber que no ano passado, por esta altura, já tinha lido quase vinte livros e este ano ainda nem 8 consegui acabar.
Claro está que esta mudança no meu ritmo de leitura deriva de fatores pessoais e de circunstâncias da vida: regressei à universidade para continuar os meus estudos, tenho de conciliar o meu tempo com estudos e trabalho e, a toda esta equação, acrescenta-se gerir uma casa, refeições e todas as mordomias a que estava habituado quando tinha alguém que as fizesse por mim.
Como se não bastasse, os 50 minutos de viagens de autocarro que fazia diariamente para ir para o trabalho foram cortados da minha rotina – o que equivalia a 50 minutos de leitura garantida – e os níveis de cansaço poucas forças me deixam para ler mais do que 5 páginas quando tento ler à noite.
Esta é uma situação que me tem vindo a atormentar nos últimos meses porque, mais do que perder este ritmo, tenho medo que se torne numa constante e que os meus hábitos de leitura sejam completamente substituídos ou dominados por outro tipo de entretenimento (como séries e filmes, que parecem exigir menos esforço). Por essa mesma razão, hoje decidi investigar sobre este declínio dos hábitos de leitura, um fenómeno que atormenta muitos jovens em fases de mudança de rotina, e tentei encontrar formas de contrariar tais tendências. Além de ser um artigo dirigido a mim mesmo, é um artigo dedicado a todos os jovens leitores que querem ler mas têm dificuldade em encontrar tempo e disposição para o fazer.
Ler menos livros: 5 dicas para mudar isso de uma vez por todas
1 – A minha regra básica
Esta é uma regra que aplico à minha vida de leitor desde o 5.º ano de escolaridade: nunca sair de casa sem um livro. Como sempre justifiquei, é melhor estar prevenido com uma boa história porque nunca se sabe quando vamos precisar dela. E, para quem tem dificuldades em manter um ritmo constante de leitura, qualquer oportunidade para pegar num livro e ler serve. Imaginemos que tem de esperar por alguém que se atrasou vinte minutos. Ou que vai tratar de um assunto e está numa fila gigantesca de atendimento. Ou então que está num daqueles dias mesmo maus, em que tudo lhe acontece, e em que fica preso num elevador.
Nestes momentos em que ficamos totalmente imobilizados, e que frequentemente passamos a navegar no feed do Facebook e do Instagram simplesmente porque basta deslizar o dedo para obter informação que nem sempre tem utilidade, podíamos antes estar a pôr a nossa leitura em dia. Se não lhe for cómodo trazer um livro de casa, considere fazer a sua leitura em tablets, e-readers ou até mesmo smartphones. Existem inúmeras apps, já devidamente testadas, para proporcionar a melhor experiência de leitura a qualquer leitor.
2 – Agende a sua leitura
Se quer mesmo ler, tenha o cuidado de “agendar” a sua leitura. Este é um exercício que vai exigir muito esforço da sua parte, especialmente naqueles dias em que se sentir tentado em ver mais um episódio de uma série no Netflix. No entanto, procure delimitar um período de tempo – 5 minutos, 10 minutos, 20 minutos, ou qualquer outro espaço de tempo que considere exequível – para ler. Este momento de leitura passa a integrar-se no seu horário tal como a hora de almoço está lá, ou as tarefas domésticas. Tudo o que precisa de fazer é organizar-se. Se se organiza para fazer tudo o resto, por que não o haveria de fazer para a leitura?
Quando tal momento chegar, procure abstrair-se de todo o mundo à sua volta. Procure estar confortável, num espaço de que gosta e totalmente desligado do seu smartphone. Nesse momento, é só você e o seu livro: nada mais. Mesmo que isto não signifique que leia mais de uma hora por dia como eu costumava fazer, pelo menos vai ler sempre um bocadinho todos os dias e esse bocadinho é muito melhor do que não ler nada.
3 – Vários livros ao mesmo tempo
Durante estes meses em que os meus hábitos de leitura diminuíram, senti que algo aconteceu naturalmente: comecei a ler vários livros ao mesmo tempo. Isto era algo que gostava de evitar para não confundir histórias e personagens. No entanto, à medida que vi novos livros a saírem e fui caindo na tentação de os comprar, não resisti em começar a lê-los sem ter terminado outros livros que tinha na mesinha-da-cabeceira.
Mas a questão aqui é que muitas vezes os livros entravam em partes mais monótonas, ou simplesmente adormecia sempre a ler a mesma página e surgia desmotivação. O desinteresse era tal que sei que, por estar preso a certos livros, preferi ver episódios de uma série no Netflix em vez de ler no momento em que chegava a cama. Foi por isso que, embora me tenha custado e olhe com uma certa culpa para os livros inacabados, comecei a pegar em livros novos e a lê-los. Hoje, estou a ler em simultâneo 4 livros e vou saltando entre eles, é verdade. Mas lá está, pelo menos agora leio sempre algo todos os dias.
4 – Desafios Goodreads
Acreditem ou não, o Goodreads continua a ser um grande motivador para ler. Sou um fã assumido desta ferramenta há anos porque é extremamente vantajoso guardar toda a informação do que estamos a ler e ver aquilo que os nossos amigos estão a ler. É assim que descubro novas histórias, que decido que livro ler a seguir e que, através dos desafios literários da rede social, me desafio a mim mesmo a ler mais.
Para quem não conhece, no início de cada ano o Goodreads lança um desafio anual: todos os utilizadores podem decidir quantos livros querem ler durante o ano e, ao longo dos 12 meses seguintes, podem acompanhar a escala do Goodreads que nos informa se o nosso ritmo de leitura nos vai permitir chegar à meta, se estamos alguns livros atrasados ou, pelo contrário, adiantados. Para quem gosta de competições, e se de desafiar a si mesmo, esta pode ser uma excelente forma de se manter motivado a ler. Comigo tem resultado e nos últimos 3 anos completei sempre as minhas metas (e até as superei!).
5 – Livros curtos
Se tem um problema em manter-se “leal” a histórias longas, por que não se fica pelos livros com poucas páginas? Esta foi toda uma descoberta para mim há uns meses. Muitos clássicos da literatura, assinados por grades nomes, não têm muito mais do que 100 páginas. Estou a falar de livros como A Metamorfose, de Kafka, ou A Morte de Ivan Ilitch, de Tolstoy ou até mesmo O Estrangeiro, de Albert Camus. São apenas alguns dos livros curtos que poderá encontrar e ler.
Dessa forma, não só conseguirá ler um livro e consumir uma história de forma rápida, como conseguirá também ler alguns dos maiores nomes da literatura.
Acho que não faz mal, quando diminuímos o número de livros que lemos. Por vezes, até é bom ou porque podemos ‘descansar’ ou aproveitar melhor o tempo que lemos. Eu falo por mim, já senti pressão para ler muitos e rápido, mas agora faço-o relaxadamente e sem qualquer pressão