2666: O melhor livro da literatura espanhola dos últimos 25 anos
Qual o melhor livro da literatura espanhola dos últimos 25 anos? Esta é uma pergunta muito frequente entre os espanhóis e não só. Todos os leitores interessados em conhecer um pouco de literatura estrangeira farão questão de reunir na sua estante uma variedade de autores de diferentes línguas.
Para um leitor que quer conhecer um pouco mais da literatura espanhola não há margem para dúvidas de que o primeiro impulso será para pensarem em D. Quixote de la Mancha, de Miguel Cervantes, considerada a obra máxima da literatura espanhola. No entanto, não é uma obra propriamente recente, já que a sua publicação se deu em 1605.
E que tal ler algo mais recente? A questão que se prende é aquela mesmo pelo qual começamos o nosso post: qual o melhor livro de língua espanhola dos últimos 25 anos? De forma a encontrar uma resposta a este enigma o jornal El País reuniu um júri composto por críticos, escritores e livreiros de ambos os lados do Atlântico. E a resposta a que chegaram foi muito esclarecedora.
2666: um número que liga tudo
Após algumas reuniões e debates foi encontrado um consenso ao eleger-se o livro 2666, de Roberto Bolaño (publicado pela Quetzal em 2009), como o melhor livro de língua espanhola dos últimos 25 anos. A lista, publicada pelo suplemento literário do jornal El País, inclui 100 títulos desse período e coloca Detetives Selvagens, também de Roberto Bolaño, em terceiro lugar.
O livro 2666 traça estranhas ligações entre personagens que aparentemente nada têm a ver em comum. Por um lado temos quatro germanistas europeus que estão unidos pela obra de Benno von Archimboldi, uma união que se manifesta quer pela paixão física, quer pela paixão intelectual. Entretanto, temos a personagem de Oscar Fate, um repórter afro-americano que viaja até ao México para fazer a cobertura de um combate de boxe.
No entanto, o que liga este último a Amalfitano, um professor de filosofia, melancólico e meio louco, que se instala com a filha, Rosa, na cidade fronteiriça de Santa Teresa? O que liga o forasteiro chileno à série de homicídios de contornos macabros que vitimam centenas de mulheres no deserto de Sonora? E o que liga Benno von Archimboldi, o secreto e misterioso escritor alemão do pós-guerra, a essas mulheres barbaramente violadas e assassinadas? A resposta está no número 2666 que é todo o motor para a narrativa.
Em Portugal, já em 2017, prevê-se que Roberto Bolaño tenha um ano em grande. A primeira grande novidade do autor chega já em abril, mês em que será publicado o livro inédito O Espírito da Ficção Científica – que será brevemente apresentado na Feira do Livro de Guadalajara, no México, considerada a mais importante feira do livro de língua espanhola do mundo.
A tradução deste livro inédito póstumo, que já se encontra finalizada, ficou a cargo de Cristina Rodriguez e Artur Guerra, a dupla de tradutores que já havia traduzido obras anteriores do mesmo escritor.
Também em 2017 será lançado outro inédito, Patria, volume que reúne três novelas (além da que dá o título ao livro, Sepulcros de Vaqueros e La Comedia de Horror de Francia). A edição portuguesa de Patria acompanhará a primeira edição mundial do livro. Pela primeira vez em língua portuguesa será publicado – no final do ano – Putas Assassinas, que reúne narrativas centrais na obra de Roberto Bolaño.
Ainda em 2017, a Quetzal publicará uma nova tradução de Detetives Selvagens, bem como uma edição especial de 2666 – o mais importante dos seus romances, e que constituirá uma grande surpresa do ponto de vista gráfico, um objeto de grande beleza, desde a escolha do papel até à tipografia, à capa e ao número de páginas.