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O que os livros físicos têm e os digitais não

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O que os livros físicos têm e os digitais não

by Eduardo Aranha

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A revolução digital transformou muitos dos nossos hábitos. Hoje, uma grande parte dos nossos dias é passada em frente a ecrãs, seja o de computadores, smartphones ou tablets. E não importa se o fazemos por questões profissionais ou por puro entretenimento. Um estudo realizado em 2013, à sociedade adulta norte-americana, constatou um crescimento rápido do tempo passado a navegar na Internet. Em média, cada pessoa passa 5 horas e nove minutos por dia em frente a um ecrã.

Em contrapartida, o tempo dedicado a conteúdos impressos e até mesmo ao rádio sofreu uma queda significativa. Nem a televisão escapou a esta mudança de comportamentos. Uma vez que estamos num blog dedicado à temática de livros, analisamos este problema quando enquadrado ao cenário literário. Inevitavelmente falamos dos livros digitais.

Os livros digitais estão na moda. No nosso blog já chegamos até a falar da Kobo, a maior loja online de livros digitais. Com muitas vantagens a enumerar, nomeadamente a sua portabilidade, facilidade de leitura e o preço, os livros digitais estão a transformar de forma significativa o mercado literário. Mesmo os que não são apologistas deste formato de livro têm de reconhecer a transformação. Pessoalmente, tenho encontrado cada vez mais pessoas a usar e-readers ou os próprios tablets para ler livros.

Porém, este é um post sobre o livro como o conhecemos: o livro físico. Não há espaço para e-readers e livros digitais nos próximos parágrafos. Recordando a importante arte da imprensa, dedicamos um post inteiro aos livros de tinta e papel e apresentamos 7 razões para que leia um livro físico, nem que seja só de vez em quando.

Dê um descanso aos seus olhos

Acho que não preciso de relembrar a ninguém que olhar para o ecrã de um computador durante horas a fio cansa os olhos. Mais do que um mito, esta é uma verdade cientificamente comprovada. O esforço ocular pode resultar na chamada síndrome da visão do computador que se traduz em efeitos como dores de cabeças, olhos a arder e visão turva. E quem é que consegue ler neste estado?

Especialmente para quem passa o dia a trabalhar em frente a um computador recomendamos que, na hora de ler um livro, escolha um livro físico. A ausência de brilho e reflexo vai facilitar a leitura.

Exercite os braços com um livro físico

Alguns livros são tão volumosos que até ajudam a exercitar os músculos do braço. Se não tem paciência ou tempo para ir ao ginásio, sugerimos que pegue num calhamaço de capa dura com mais de 500 páginas e que leia. Ok, deixando de lado os exageros, analisamos com cuidado esta situação. É óbvio que a maioria das pessoas prefere ler a versão digital de um livro do que carregar um calhamaço pesado de um lado para o outro.

Porém, não gosta de aceitar desafios? Pessoalmente, acho interessante estar a estimular os meus braços e a minha mente ao mesmo tempo, enquanto estou deitado na cama num domingo de manhã a ler. Além disso, ao sentirmos o peso do livro parece que nos sentimos mais próximos da história. Não é apenas mais um artigo da Internet, que lemos rapidamente e que desaparece com o tempo. Com o livro físico criamos recordações.

Desligue-se completamente

Um dos problemas do digital é que, no mesmo ecrã, pode acontecer muito mais do que aquilo que estamos a fazer. Sim, é claro que por um lado isto é excelente: combinamos inúmeras funcionalidades num só espaço. Porém, no que diz respeito à experiência da leitura, o digital pode assumir-se com alguns inconvenientes. Imaginemos que está a ler um livro no iPad, por exemplo e que, de repente, alguém faz uma publicação no mural do seu Facebook. A notificação surge de imediato no topo do ecrã e você interrompe a leitura para ir ver o que se passa.

 

Com um livro físico isto também pode acontecer, se mantiver perto de si os smartphones, tablets e computador. O que recomendamos aqui é que se desligue da Internet e de todas as distrações digitais enquanto estiver a ler. Mesmo que o faça num e-reader, certifique-se de que o wi-fi está desligado. Uma leitura sem interrupções é mais produtiva.

Compreenda o que está a ler

Apesar de ser ainda incerto, há estudos a afirmar que a compreensão dos leitores é mais precisa quando leem um livro físico. A razão por detrás deste fenómeno, se é que acontece mesmo, poderá estar relacionada com a ausência de distrações no texto impresso. As investigações apresentam resultados contraditórios mas, por norma, ler impresso promove uma melhor compreensão e retenção do conteúdo.

Um estudo sugeriu, aliás, que os leitores saltam partes do texto, uma outra investigação aponta que os leitores se perdem na leitura, incapazes de conseguir marcar em que ponto da história fizeram uma pausa. Seja qual for o motivo, calculamos que em breve aparecerá uma nova investigação com novos esclarecimentos. Entretanto, de uma coisa há certeza: ler o livro físico garante uma excelente compreensão da história, desde que esteja devidamente atento.

Sinta-se ligado à terra

Os e-readers são uma excelente alternativa ambiental, capazes de preservar o derrube de árvores para a produção de papel. Mas a realidade engana. Sabia que o processo de produção de cada e-reader gasta uma grande quantidade de água, minerais, energias não-renováveis e, claro, eletricidade para abastecer a bateria sempre que o dispositivo fica descarregado? Assim, mesmo que os livros de papel gastem alguns recursos, como o papel e tinta, não se pode dizer que o livro físico prejudique mais o ambiente do que o digital.

Claro que a produção do papel é muito grave, uma vez que acelera o processo de desflorestação. Mas as árvores, ao contrário do petróleo, são renováveis. Projetos como o Future Library, da artista Katie Paterson, enfatizam esta relação entre árvores e literatura.

E, acima de tudo, os livros de papel conseguem ser incríveis porque o leitor vê e sente o próprio material que a terra lhe deu. Uma história descarregada para um dispositivo digital vive numa espécie de éter, é fria e desprovida de qualquer sentimento físico.

Disfrute da beleza gráfica do livro

Há livros que são visualmente bonitos. Mesmo que não se deva julgar um livro pela capa, a verdade é que às vezes é a capa que nos chama a atenção para uma grande história. E mais do que a capa é o interior, o tipo de tipografia utilizado, a numeração das páginas, o início dos capítulos, os mapas, as imagens, entre outros. Cada livro físico contém um design único, preparado ao detalhe, que espera proporcionar a melhor experiência de leitura.

Os e-readers, pelo menos até agora, não estão preparados para o design que encontramos no livro físico. Mesmo que possamos mudar o tipo de fonte para facilitar a nossa leitura, as escolhas elegantes feitas pela editora e pelo próprio autor parecem sempre mais fracas quando vistas a partir de um ecrã. Se quer aproveitar a beleza gráfica de um livro, deve recorrer de facto a um físico.

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Comments

  • Gabriel
    22 January, 2018

    “Dê um descanso aos seus olhos”

    Se por acaso seus olhos se cansarem de ler no ecrã, recomendo experimentar o f.lux, que altera as configurações da imagem e fica mais confortável para ler.

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