10 anos depois: o livro sobre Siegfried e Roy vale a leitura?
A dupla Siegfried e Roy já foi uma das mais badaladas em Las Vegas. Os mágicos ficaram famosos por seus números com tigres e leões brancos e fizeram shows de 1990 a 3 de outubro de 2003 no Mirage Resort and Casino, em Las Vegas, até que um ataque de tigre colocou fim à carreira da dupla.
A Vida Secreta de Siegfried e Roy (The Secret Life of Siegfried and Roy: How the Tiger Kings Tamed Las Vegas, sem versão em português), lançado em 2008, revela a história tocante e pouco conhecida de como dois jovens iniciaram uma amizade, uma franquia de sucesso e um tempestuoso caso de amor que duraria a vida toda.
Com um número recordista de bilheteria em Las Vegas, em 3 de outubro de 2003 Roy Horn foi atacado em pleno palco por seu tigre branco de mais de 220 kg, Montecore. Depois de literalmente morrer na mesa de cirurgia, Roy passou por uma reabilitação bastante traumática e ficou parcialmente paralisado.
O acidente chamou a atenção da imprensa e provocou uma incansável investigação sobre o mundo secreto desses ícones de Las Vegas.
Aproveitando-se da proximidade que tinham com os artistas, os autores de A Vida Secreta de Siegfried e Roy trouxeram à tona particularidades da vida privada da dupla que acabaram por deixar muitos fãs irritados.
Jim Mydiach, oficial de segurança dos mágicos há 25 anos, seu filho Louis Mydiach, guarda-costas de Roy após o ataque do tigre em 2003, e Jim Lavery, consultor de longa data, abordam a ascensão dos grandes hotéis de Vegas; as compras de várias casas, animais e parques por Siegfried e Roy; a moda dos animais selvagens brancos; a construção de uma atração de golfinhos no Mirage, entre muitos outros assuntos polêmicos.
Apesar de tentarem manter uma narrativa equilibrada em todo o livro, veio à tona que dois dos autores tinham problemas significativos com seus personagens principais. Louis processou Siegfried pela forma como tratava Roy durante a reabilitação, e Lavery processou Roy depois que ele manipulou sua namorada de longa data para que ela o deixasse.
Carreira de Siegfried e Roy começou num navio
Siegfried Tyrone Fischbacher e Roy Horn nasceram e cresceram na Alemanha. A dupla se conheceu em um navio, o TS Bremen, onde começou a se apresentar com shows de mágica.
Siegfried sempre foi o ilusionista da dupla (tinha livros de mágica desde criança), e Roy era apaixonado por animais exóticos. Chegaram a ser demitidos do TS Bremen por levarem uma chimpanzé a bordo. O proprietário do Teatro Astoria, em Bremen, na Alemanha, viu Siegfried e Roy a bordo de um navio caribenho e recrutou a dupla para trabalhar em sua boate. Iniciou-se aí uma carreira no circuito noturno europeu e logo Siegfried e Roy estavam se apresentando com tigres.
Eles foram descobertos em Paris por Tony Azzie, que pediu para irem a Las Vegas em 1967. Estavam a alguns anos do estrelato. O sucesso de Siegfried e Roy foi aumentando até que, em 1990, chegaram ao Mirage Casino, onde se apresentaram por 13 anos. De acordo com a Betway, o show de Siegfried e Roy foi o segundo mais rentável da história de Las Vegas, arrecadando cerca de 580 milhões de dólares em 5.750 apresentações.
Ficam atrás somente de David Copperfield, que já fez 8000 apresentações e ainda está na ativa. Siegfried e Roy viram sua carreira encerrada quando, durante um show no Mirage, Roy foi atacado no pescoço pelo tigre Montecore. Os membros da equipe conseguiram resgatá-lo e levá-lo ao hospital, onde passou por cirurgias e um longo período de reabilitação.
A lesão de Roy levou o Mirage a fechar o show e 267 membros da equipe foram demitidos. Somente em 2006 Roy apareceu novamente na imprensa, conversando e caminhando, no programa de TV The Insider, de Pat O’Brien, para falar sobre sua reabilitação. Em fevereiro de 2009, eles fizeram uma última apresentação com o tigre Montecore, num show beneficente para o Instituto Lou Ruvo Brain. A performance foi gravada para o programa 20/20 da ABC:
A revolta dos fãs
Nos sites de vendas de livros, como GoodReads, Amazon e outros, os fãs de Siegfried e Roy condenam os autores desta versão. Para a maioria deles, o livro não passa de uma literatura de tabloide, com trechos copiados diretamente da autobiografia escrita pelos próprios mágicos.
“É uma vergonha para um livro que se propõe a limpar a sujeira. É grosseiro e brega no último nível, contradizendo a suposta admiração por Siegfried e Roy que os autores proclamam em suas notas finais”, comenta outro leitor.
“Meu respeito e confiança pela acuracidade dos autores é totalmente inexistente. A maior parte do livro é parafraseada de Dominando o Impossível, escrito por Siegfried e Roy, isso sem mencionar a dependência das citações dos tabloides e o fato de que as próprias alegações feitas por Mydlach no tribunal anos antes foram alteradas no livro. Aparentemente ele mesmo não consegue sustentar as suas mentiras”, afirma uma leitora indignada.
A verdade é que A Vida Secreta de Siegfried e Roy não é uma biografia, muito menos um clássico da literatura. É sim uma boa diversão para levar à praia ou à piscina, para todo apaixonado por leitura que deseja satisfazer a curiosidade de quem deseja saber o que aconteceu com a dupla depois do acidente.