WAITS/CORBIJN ’77-11’: um livro único e brilhante sobre Tom Waits
Entre 1977 e 2011, o fotógrafo holandês Anton Corbijn fotografou o músico Tom Waits, conhecido pela sua versatilidade talentosa. Munindo-se com uma câmara e rolos fotográficos no bolso, foi captando o dia-a-dia de Tom Waits, criando alguns dos retratos icónicos que hoje facilmente associamos ao artista norte-americano.
Pela altura em que os dois se cruzaram, em 1977, Waits já era conhecido pelo seu grunhido característico e por incorporar na sua música estilos como o pré-rock, numa combinação improvável com blues, jazz, vaudeville e, claro, tendências experimentais. Mas o contributo dado pelas fotografias de Corbijn marcou para sempre a sua carreira.
O resultado desta parceria resultou, em 2013, num livro único e brilhante composto por 226 fotografias.
WAITS/CORBIJN ’77-11’ explora uma relação com mais de 30 anos e mostra-nos Tom Waits e a sua faceta mais íntima, estranha e divertida. Para os fãs dos artistas, trata-se de um livro indispensável, onde fotografias inéditas de Corbijn se cruzam com versos de hits bem conhecidos de Waits.
Neste post, abrimos o apetite do leitor e focamo-nos em algumas das melhores fotografias que fazem parte do livro WAITS/CORBIJN ’77-11’.
Corbijn captura a alma de Waits em fotografia
Mais do que tudo, este livro mostra como as carreiras de Waits e Corbijn se entrelaçaram, influenciando-se mutuamente ao longo dos anos. Se por um lado o estilo vibrante de Waits definiu a narrativa de Corbijn enquanto fotógrafo e cineasta, por outro lado temos de reconhecer que o lado teatral de Waits foi enaltecido pela câmara do fotógrafo holandês.
Fotografia 1 – Waits em 1983. Por esta altura, tinha concluído Swordfishtrombones e encontrava-se sem contrato. Chris Blackwell, da Island, voou até Los Angeles para o contratar. Nos meses que se seguiram, vivenciou alguns dos seus momentos mais importantes e criativos, chegando a participar em dois filmes de Francis Ford Coppola, provando ser capaz de fazer mais para além da música.
Fotografia 2 – O álbum Rain Dogs, lançado em 1985, esteve para se chamar Evening Train Wrecks e Tom Waits – então a viver em Nova Iorque – costumava mesmo sair à noite para captar os sons da cidade num gravador de cassetes portátil. Nesse álbum, o acordeão é um dos instrumentos usados – mas não é Waits quem o toca. O artista manteve-se fiel à voz, guitarra, piano e órgãos. Mesmo assim, houve tempo para uma fotografia com o acordeão.
Fotografia 3 – Blood Money e Alice, álbuns inspirados em produções teatrais, saíram em 2002, numa época em que Tom Waits se manteve perto dos filhos. O músico era então presença regular em visitas de estudo e recorda ter levado a turma do seu filho Sullivan a uma fábrica de guitarras e a uma lixeira.
Fotografia 4 – Trata-se de uma das fotografias mais emblemáticas de Tom Waits. Foi retirada em 2011, perto de casa, na Califórnia, onde Corbijn lhe fez uma sessão fotográfica para o lançamento de Bad As me. Neste mesmo ano, Waits foi homenageado no Rock and Roll Hall of Fame e editou um livro de poemas para angariar dinheiro para alimentar cidadãos sem-abrigo da zona de Sonoma, onde vive.
Estas e mais fotografias podem ser vistas e revistas no livro WAITS/CORBIJN ’77-11’. Do trabalho do fotógrafo Anton Corbijn fazem parte também retratos a músicas como os U2 e David Miles e ainda a artistas como Robert De Niro e Clint Eastwood. No entanto, de uma coisa há certeza: nenhum deles marcou tanto a sua carreira como Tom Waits.
Nota: Este artigo foi publicado originalmente no Blog Mundo de Músicas com o título Anton Corbijn, o homem que fotografou Tom Waits