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Luís Vaz de Camões: o poeta que acreditou na glória lusitana

Luís Vaz de Camões: o poeta que acreditou na glória lusitana

by Eduardo Aranha

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Ao falarmos de literatura portuguesa, temos obrigatoriamente de apontar um nome, aquele que é facilmente considerado o maior poeta português de todos os tempos: Luís Vaz de Camões. Mesmo não sendo a história clara quanto à vida deste homem de uma coisa há certeza: este foi o poeta que, inspirado por musas e grandes nomes da antiguidade, pegou na pena e compôs uma epopeia para o povo lusitano.

As próprias circunstâncias do nascimento de Luís Vaz de Camões estão envoltas num manto de mistério. Impossível de se identificar um dia certo para o nascimento do poeta, sabe-se pelo menos que terá nascido entre o ano de 1524 e 1526, em Lisboa, então capital do Império. Os seus pais, Simão de Vaz e Ana de Sá, pertenciam a um ramo menor da nobreza e terão assegurado que o jovem Luís seguia uma educação sólida, ajustada aos moldes clássicos.

Não faltou por isso latim, literatura e história na formação de Camões. Terá sido assim, provavelmente, que se cruzou com os textos épicos de Homero que o viriam a inspirar anos mais tarde. Apesar de não haver documentação que o confirme, admite-se ainda a possibilidade de que Camões tenha passado pela Universidade de Coimbra.

Eterno namoradeiro, frequentou a corte de D. João III onde, entre mulheres, música e vinho, foi criando uma carreira como poeta lírico e precetor do filho do Conde de Linhares. Entre tais círculos sofreu, eventualmente, um terrível desgosto de amor que pôs a sua vida em perspetiva. Antes disso, terá sido preso por se declarar à Infanta Dona Maria, a própria irmã do Rei.

Porém, foi uma tal de D. Catarina de Ataíde que, não retribuindo o seu amor, provocou tal dor ao poeta que Camões não viu outra alternativa se não o exílio em Ceuta, predisposto a trocar a pena pela lança e a poesia pela batalha. E é assim que, em plena guerra, fica ferido em combate e perde o olho direito, característica peculiar pela qual é hoje relembrado.

Com o coração curado ou não, regressou a Portugal, retomando a vida boémia. Deveria ter, por esta altura, cerca de 25 anos. Porém, ao agredir um criado do Paço, acabou por regressar à prisão, saindo pouco depois e com destino marcado: viajaria para a India. É neste período, do qual hoje pouco sabemos, que terá encontrado a inspiração para escrever a obra-prima Os Lusíadas.

Camões: o poema, o naufrágio e o rei

Contam as lendas que, nesta jornada para a Índia, a nau que levava Camões terá naufragado no rio Mekong e que a obra lírica só se salvou porque o poeta conseguiu nadar até à costa. Enquanto remava com um braço, erguia o manuscrito com o outro. Uma prova de esforço que não lhe deve ter saído barato! Ao regressar a Portugal, já com Os Lusíadas terminado, conseguiu publicar a obra e recebeu uma pensão de 15000 reis anuais, atribuída pelo Rei D. Sebastião, por serviços prestados à conta.

 

Uma vez mais, há uma história curiosa desta época que merece ser contada, embora não haja certezas quando à sua veracidade. Ao apresentar Os Lusíadas ao Rei D. Sebastião, Luís Vaz de Camões terá declamado ao soberano todos os 10 cantos que compõe a obra, urgindo-o a lutar pelo esplendor da pátria. Pouco depois desse encontro, o Rei D. Sebastião partiu de facto para a guerra em Alcácer Quibir, de onde nunca mais regressou. Mera coincidência?

Retomando a Camões, sabe-se que viveu os seus últimos anos de vida a partir da pensão que lhe era atribuída. A par d’Os Lusíadas escreveu três obras de teatro cómico mas, como frequentemente se queixava, a sua obra nunca foi realmente apreciada por aqueles para quem ele compunha: os portugueses.

O verdadeiro reconhecimento chegaria apenas após a sua morte, que aconteceu no dia 10 de junho de 1580, tinha então o poeta 55 anos. Hoje, os seus restos mortais encontram-se sepultados no Mosteiro dos Jerónimos e na sepultura pode ler-se a emblemática inscrição que lhe presta uma última homenagem:”Aqui Jaz Luís de Camões Príncipe dos poetas de seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente e assim morreu”.

Em pleno século XXI, o trabalho de Camões continua a ser amplamente estudado por todo o Mundo e a obra Os Lusíadas considerada um dos documentos poéticos mais importantes e valiosos da literatura universal.  Mais do que imortalizar a pátria portuguesa, Camões deu e continua a dar um novo fulgor à língua e alma lusitana.

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