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10 mitos reais que podemos encontrar nos livros de Harry Potter

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10 mitos reais que podemos encontrar nos livros de Harry Potter

by Eduardo Aranha

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Quando Harry Potter e a Pedra Filosofal chegou às livrarias em 1997, o mundo foi absorvido pela primeira vez por um universo mágico. O livro, com 223 páginas na sua primeira edição, conta a história de um rapaz órfão que vive debaixo das escadas de casa dos seus tios e que de um dia para o outro vê a sua vida ser transformada por uma realidade que desconhecia: magia.

Deixando para trás os tios, embarca para a escola de magia e feitiçaria de Hogwarts e envolve-se em aventuras emocionantes ao lado dos seus amigos, cruzando-se com uma série de criaturas e perigos que bebem diretamente de mitos muito antigos. O facto de J. K. Rowling ter criado este universo usando lendas e referências populares tão interessantes e antigas parece ser apenas mais uma prova do seu talento.

Para quem não sabe, o primeiro livro demorou cerca de 5 anos a ser escrito (entre 1990 e 1995) o que deu mais do que tempo à autora para fazer as suas pesquisas, construir o universo, escrever a história, reescrever tudo outra vez, acrescentar mais elementos ao enredo e melhorar a Pedra Filosofal para o resultado mágico que nos foi apresentado. Este trabalho de world building foi continuado nos livros que se seguiram que, de capítulo para capítulo, ia acrescentando mais encanto a uma história já bem amada pelo público.

Neste artigo regresso a uma das sagas mais emblemáticas da literatura contemporânea e apresento alguns mitos em que Rowling se terá inspirado para dar forma ao mundo de Harry Potter.

10 mitos reais que podemos encontrar nos livros de Harry Potter

Avada Kedavra

Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, o Professor Moody ensina a turma acerca das Maldições Imperdoáveis da qual se destaca uma: Avada Kedavra, a maldição da morte. Este som, como muitos fãs poderão ter percebido num primeiro contacto, está muito associado a um termo popular usada em múltiplas ocasiões, seja na brincadeira ou a executar um truque de magia: Abracadabra.

Esta maldição tem origem num mito muito antigo que remonta ao Aramaico, uma língua perdido do Médio Oriente. A frase em questão – abhada kedhabhra – significava “desaparece deste mundo” e, em vez de ser usada para matar, era utilizada para curar. Em meados de 200 d.C. , um médico romano chamado Quintus Serenus Sammonicus usava este feitiço para baixar a febre: basicamente, escrevia a palavra num papel 11 vezes e da seguinte forma:

ABRACADABRA

ABRACADABR

ABRACADAB

ABRACADA

ABRACAD

ABRACA

ABRAC

ABRA

ABR

AB

A

O papel devia posteriormente ser pendurado à volta do pescoço do doente, com a utilização de um fio de linho, durante 9 dias. De seguida, devia ser lançado sob o ombro a um ribeiro que corresse para oriente e que absorveria a tinta das palavras. No momento em que as palavras se dissolvessem na totalidade, a febre estaria curada.

Basiliscos

Os basiliscos são introduzidos no universo de Harry Potter no segundo livro da saga: Harry Potter e a Câmara dos Segredos. Aqui, a criatura assume-se como uma arma nas mãos de Lord Voldemort, sendo capaz de matar com o olhar.

Porém, J. K. Rowling parece ter ido buscar inspiração a um dos maiores mitos da história. Esta criatura, que tal como a autora diz no livro resulta do acasalamento de um galo ou galinha com uma cobra ou um sapo, é representada em algumas lendas como uma serpente com uma coroa ou uma mancha branca na cabeça. Além do mais, a ideia de mortalidade associada a esta criatura é encontrada também em lendas.

O naturalista romano Plínio tinha descrito o basilisco como uma criatura capaz de matar arbustos respirando apenas sobre eles e com um poder letal o suficiente para que as rochas se fendessem à sua passagem. Esta criatura está ainda extremamente associada ao mito de Medusa, a figura da Antiguidade Clássica com cabelos compostos por serpentes que transformava em pedra todos os que para ela olhassem.

Boggarts (Sem-forma)

Em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban somos apresentados a uma das aulas mais fascinantes de Defesa Contra as Artes das Trevas. Nessa aula, o Professor Lupin leva os alunos à sala dos professores onde se encontra um guarda-roupa. No seu interior encontra-se uma criatura que Lupin diz ser um “sem-forma” que, perante cada pessoa, irá assumir uma forma diferente em representação do seu maior medo.

Acima de tudo, é interessante perceber como J. K. Rowling faz uso desta criatura para construir personagens e explorar os seus medos enquanto nos faz rir (se bem se recordam, um Boggart só pode ser combatido com gargalhadas). E, uma vez mais, é possível traçar aqui uma relação com a mitologia. Esta criatura parece ser inspirada em lendas como a do bicho papão, nos Estados Unidos; o bogle, na Escócia; e o boggleman, na Alemanha: todas elas estão associadas à representação de medos.

Centauros

 

Os centauros são criaturas míticas com pernas e corpo de cavalo, mas com torso, braços e cabeças humanos. Nos seus livros, J. K. Rowling descreve que os centauros vivem nas florestas e isolados da humanidade por não gostarem de conviver com Muggles ou feiticeiros.

Curiosamente (ou não) isto vai de acordo com a mitologia clássica dos centauros: os centauros têm a sua origem na Grécia, onde o relacionamento com os habitantes locais era bastante confuso. Uma vez que muitos centauros gostavam muito de vinho, tornavam-se violentos, selvagens e rápidos a zangarem-se o que dificultava as relações com humanos. Ainda assim, havia alguns centauros menos erráticos – como é o caso de Firenze, em Harry Potter e a Pedra Filosofal – que tinham um conhecimento profundo sobre medicina, adivinhação e caça.

Dementors

Os Dementors são das criaturas mais pavorosas do universo de Harry Potter. Guardiões da prisão de Azkaban, são capazes de sugar os sentimentos mais felizes de qualquer pessoa e, em última instância, aplicar o temido “beijo” que resulta na total sucção da alma de um ser humano. J. K. Rowling já disse várias vezes que se baseou numa imagem de um pesadelo para construir a forma física dos Dementors.

Numa entrevista, a autora também explicou que os Dementors são uma materialização física da depressão o que, curiosamente, está diretamente associado a um mito que envolve o chocolate. Muitos médicos dizem que o chocolate é uma das melhores terapias para melhorar os sintomas depressivos de uma pessoa, exatamente o que o Professor Lupin diz a Harry quando lhe passa chocolate após entrar em contacto com um Dementor.

Fluffy

Fluffy, também conhecido como “cão das três cabeças”, é a criatura que guarda o alçapão que conduz ao esconderijo da Pedra Filosofal, em Hogwarts. Este cão gigantesco pertence a Hagrid e pode ser domado, se assim o podemos dizer, através de um truque muito simples: música. No livro, Harry consegue acalmar Fluffy usando uma flauta que recebeu no Natal e assim avançar para o desafio que o espera para lá do alçapão.

Olhando para a mitologia encontramos facilmente um cão de três cabeças, muito semelhante a Fluffy. Cereberus, o temível cão de Hades, surge frequentemente em lendas como guardião do mundo inferior onde as almas dos mortos vivem para toda a eternidade. A missão do cão era a de manter longe os vivos que se tentassem aproximar e impedir que os mortos deixassem o submundo.

A criatura surge na lenda de Hércules, quando o herói tem de completar a última tarefa que passa exatamente por capturar a criatura e desfilá-la perante o rei. Todavia, também surge numa outra lenda, quando Orfeu desce ao submundo para resgatar a sua amada Eurídice e, curiosamente, toca uma harpa para acalmar o guardião do submundo.

Veelas

As Veelas surgem pela primeira vez no campo de Quidditch da Taça Mundial, como mascote da Bulgária. Das bancadas, todos os homens ficam encantados com a beleza destas mulheres. Ron, por exemplo, prepara-se mesmo para saltar das bancadas e correr para o campo.

Uma vez mais, de forma genial, J. K. Rowling inspirou-se num mito para dar forma a uma criatura do universo de Potter. A história das Veela remonta à Europa Central, onde tais criaturas são descritas como mulheres belas e jovens (ou que se parecem como tal) que são, na verdade, fantasmas de mulheres por batizar que ficaram com as almas retidas na Terra. Exatamente como em Harry Potter e o Cálice de Fogo, são descritas como elegantes, de cabelo loiro e longo, quase branco.

Todavia, a beleza das Veela finda quando se chateiam ou são contrariadas – situação essa que também é representada em Harry Potter – e, em casos mais extremos, podem mesmo vingar-se de forma mais agressiva e letal.

Esfinges

Em Harry Potter e o Cálice de Fogo, o jovem feiticeiro confronta-se com uma esfinge que lhe coloca um enigma. Caso não apresente a resposta certa, não poderá prosseguir no labirinto, de forma a concluir a Terceira Tarefa do Torneio dos Três Feiticeiros. A esfinge é descrita como uma criatura parte leão e parte mulher, com grandes olhos amendoados.

O mito da esfinge remonta também à mitologia clássica, mas desta vez à egípcia. Basta passarmos por Guiza para vermos a Grande Esfinge aí erigida, datada a aproximadamente 2500 a.C.  No entanto, J. K. Rowling parece ter-se inspirado na Esfinge de Tebas para criar a esfinge que encontramos no 4.º livro da saga.

De acordo com a lenda, a esfinge em questão partia com a missão de punir Laius, o rei de Tebas, que tinha raptado um homem. Na sua demanda, a esfinge desafia todos os que passam por si na estrada com um desafio semelhante ao que coloca a Harry. A adivinha era a seguinte: Qual o animal que tem quatro pés de manhã, dois a meio do dia e três à noite? (A resposta: o Homem)

Todos os que dessem a resposta errada morriam, os que acertassem avançavam e os que preferissem não responder voltavam para trás.

Nicholas Flamel

Nicholas Flamel é um dos mitos mais interessantes que encontramos em Harry Potter e a Pedra Filosofal. Na saga, sabemos que este homem é o criador da pedra filosofal e grande amigo de Albus Dumbledore. E a verdade é que, de acordo com os mitos, essa amizade poderia ter mesmo acontecido.

O verdadeiro Nicholas Flamel terá nascido em 1330, em Paris, e demonstrado especial interesse pela astrologia e alquimia. Após receber a visita de um anjo, que lhe mostrou algo indecifrável num livro, Nicholas Flamel encontrou esse mesmo livro num alfarrabista e percebeu que estava escrito em hebraico. Após meses a traduzir o livro, descobriu aquela que era uma receita alquimica para transformar qualquer metal em ouro.

O único problema é que lhe faltava um ingrediente: uma pedra filosofal. Isto terá lançado Flamel numa longa demanda até conseguir produzir a tal pedra com poderes extraordinários. De acordo com a história, Flamel morreu em 1410, alguns anos depois da sua mulher, Perenelle. Todavia, o mito persistiu quando muitos dos seguidores de Flamel se recusaram a acreditar que o seu mestre tinha morrido, já que suspeitavam que tivesse produzido Elixir da Morte através da pedra.

Varinhas

Todos os feiticeiros precisam de uma varinha para fazer magia. No universo de Harry Potter as varinhas são compostas por madeira mas também por um ingrediente extraído de uma criatura mágica. A varinha e Harry, por exemplo, conta com uma pena de fénix, mas existem também varinhas com pelos de unicórnio, cordas cardíacas de dragões, entre outros.

As varinhas surgem entre alguns mitos antigos como uma vara, ou até mesmo um bordão, que permite concentrar a magia, canalizá-la e assim expelir um feitiço. Olhando para algumas histórias semelhantes percebemos que o uso de varinha é recorrente. Em o Senhor dos Anéis, os feiticeiros – Gandalf, Saruman e Radagast – conta cada um deles com um bordão personalizado que lhes permite fazer magia.

Mas o mito pode remontar mesmo aos dias em que o homem vivia nas cavernas. Em certas gravuras pré-históricas é possível encontrar representações de homens com varas que, possivelmente, seriam líderes tribais, o que incute a ideia que de a varinha era uma representação de poder e autoridade.

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