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O Padrinho, Mario Puzo e o enredo que cativou gerações

O Padrinho, Mario Puzo e o enredo que cativou gerações

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The Godfather, em português, é um romance de culto que marcou gerações. O livro foi escrito por Mario Puzo e deu o salto para o cinema numa trilogia com o mesmo nome. Os filmes, realizados por Francis Ford Coppola, contaram com a participação de Marlon Brando, ator que vestiu a pele de personagem principal, Don Vito Corleone, o eterno manda-chuva da máfia de Nova Iorque.

À semelhança do filme, o livro passa-se nos anos 40 e retrata os segredos, tradições e vivências de uma família de origem italiana. Autor de personagens extremamente complexas e psicologicamente ricas, Puzo conseguiu a proeza de desenvolver um grupo de fechado de pessoas fictícias que vivem segundo tradições e leis próprias.

Lealdade, família e tradição são três dos valores que marcam o código moral dos personagens, cuja personalidade cai numa área cinzenta difícil de definir. Entre eles, emerge o já referido Vito Corleone, a quem é atribuído o título de Don (líder da máfia). Simultaneamente gentil e implacável, este homem de convicções lidera uma rede de favores e de troca de influências, servindo de balanço entre interesses de cinco famílias.

A história de inicia-se em 1946, numa altura em que o tráfico de droga surge como uma forma lucrativa de ganhar dinheiro, mas à qual o patriarca da família Corleone se opõe com veemência. Despoleta, assim, aquela que viria a ser chamada de A Guerra das 5 Famílias. Por sua vez, este será o enredo que se vai cruzar em simultâneo com a história da própria família.

As personagens d’ O Padrinho

No centro do livro, está também a questão de quem irá ocupar o lugar do pai e liderar o império Corleone, assim que este falecer ou abandonar o cargo. Da família, fazem parte Carmela, a mãe; Santino Corleone, o mais velho de cabeça-quente, sempre metido em confusões; Fredo, considerado quase como um pau-mandado; Tom Hagen, o filho adotivo e consigliere, mas que ainda não provou o seu valor; e a recém mal casada, Connie.

Na equação está também Michael, o Corleone mais novo, que decidiu abandonar as tradições familiares para seguir uma vida longe da máfia, chegando mesmo a alistar-se no exército para combater como um “verdadeiro yankee”. Da lista de personagens, destaque ainda para Johnny Fontane, o cantor deslumbrado, afilhado de Vito Corleone.

Os acima referidos são apenas alguns dos personagens que compõem uma lista de criações ricas de personalidade forte e ambiciosa. Em foco, estará Michael Corleone que eventualmente acaba por retornar às suas origens na sequência de uma série de episódios, repletos de traições, violência e morte.

Transições subtis retratam uma mudança interior de alguém que inicialmente se quer distanciar mas que acaba envolvido na teia de influências da máfia familiar. Gradualmente, Michael Corleone entra num processo de autodescoberta, que é descrito de forma tão simples que aparece quase que nem está a ocorrer. Este será talvez o expoente máximo da quão cinzenta uma personagem pode ser no mundo de Mario Puzo, onde o papel de herói e vilão são separados por uma linha muito ténue.

A herança siciliana de Mario Puzo

Autor de vários romances onde explora o universo da máfia italiana, Mario Puzo é reconhecido como um dos principais autores de ficção do seu tempo. Os livros que escreveu são o reflexo de uma herança cultural, já que ele próprio é filho de uma família de imigrantes italianos que viviam no bairro de Hell’s Kitchen, zona normalmente referenciada pela elevada taxa de criminalidade.

The Godfather é o resultado de uma série de investigações que levou a cabo enquanto jornalista. O livro, escrito no ano de 1969, introduz termos como consigliere (o conselheiro), omertà (a lei do silêncio) ou Cosa Nostra, que revelam um profundo conhecimento dos meandros da máfia.

Por último, importa salientar o brilhantismo da escrita, presente não só na forma como as personagens são construídas, mas na forma fluída com que as questões são colocadas. Mais do que a história, lança a reflexão sobre quais os limites de cada um no que diz respeito a questões como o orgulho ou a família.

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