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Pepetela: o maior nome da literatura Angolana

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Pepetela: o maior nome da literatura Angolana

by Eduardo Aranha

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Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos é mais conhecido pelo pseudónimo de Pepetela e é hoje considerado como um dos escritores mais importantes da língua portuguesa. O autor nasceu em 1941, na província litoral de Benguela, em Angola, no seio de uma família colonial. É nesse meio que começa os seus estudos, frequentando a escola primária local. Mais tarde viaja para Lubango, onde completa o ensino secundário.

Em 1958, muda-se para Lisboa para prosseguir com o ensino superior no Instituto Superior Técnica. Porém, este é um percurso tortuoso: inicia-se em engenharia mas muda pouco depois para um curso da Faculdade de Letras até que, em 1963, decide finalmente pôr os estudos de lado para se tornar militante do Movimento Popular da Libertação de Angola. Esta foi uma decisão política que não mudou apenas o rumo da sua vida: fez dele também uma das principais vozes da história angolana.

Até 1975, Pepetela é obrigado a procurar exílio político em países como França e Argélia. É em Argélia que, ao lado de Henrique Abranches, trabalha no Centro de Estudos Angolanos. Este Centro, ao qual Pepetela dedicou grande parte do seu tempo durante a década de 60, tem como missão documentar a cultura e sociedade angolanas e propagar as mensagens do MPLA para o exterior.

Durante a sua passagem por Árgel teve ainda a oportunidade de se licenciar em Sociologia, competência que lhe permitiu, mais tarde, aceitar um cargo na Faculdade de Arquitetura de Luanda, quando desiste de vez de prosseguir com uma carreira política.

Pepetela: a carreira política, a escrita e o sucesso

Depois do Centro de Estudos Angolanos mudar de Árgel para Brazzaville, na República do Congo, começa a participar na luta armada contra os portugueses. A experiência na luta serviu como inspiração para a sua obra mais reconhecida: Mayombe, onde relata a guerra colonial. Em 1975, com a libertação de Angola, consegue então regressar à sua terra natal e torna-se vice-ministro da educação no governo do Presidente Agostinho Neto.

 

Apesar de se dedicar à escrita desde há alguns anos, é só depois do exílio que começa a publicar alguns dos seus títulos mais importantes, como (1978), (1979), (1980), (1992), (1996) e (1997). O conteúdo destas obras anda sempre à volta da história do seu país, recorrendo a metáforas e a narrativas sensíveis para explicar o que é a vida em Angola e tecer, por vezes, críticas a episódios históricos do país.

A partir do momento em que deixa o governo e põe de lado a vida política, Pepetela começa-se a dedicar à escrita e a uma posição como professor na Faculdade de Arquitetura de Luanda. É por esta altura que começa a escrever , um romance histórico que examina as vidas de uma família de colonistas portuguesas que se mudaram para Benguela no século XIX.

Pepetela atinge o auge de sua carreira literária em 1997, quando conquista o Prémio Camões, um dos mais famosos e desejados prémios pelos escritores que professam a língua portuguesa, pela totalidade da sua produção. Antes disso, porém, já tinha recebido o Prémio Nacional de Literatura de Angola pela obra Mayombe. Este reconhecimento consagra-o como um nome significativo da literatura contemporânea do idioma português.

Nos anos 90, a escrita de continua a exibir interesse na história de Angola, mas os leitores encontram agora um maior sentido de ironia e criticismo. A Geração da Utopia, de 1992, confronta muitos problemas já explorados em , mas da perspectiva da realidade de Angola pós-independência. A sua mais recente publicação, datada a 2015, tem como título Crónicas Maldispostas e é uma compilação de crónicas assinadas pelo autor desde 2007.

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