8 autores que se esconderam atrás de pseudónimos
Ao longo da história da literatura foram muitos os autores a assinar as suas obras com pseudónimos. Em vez de usarem o nome real, usaram um fictício, inspirado por vezes em personagens de outros livros ou no gosto pessoal. E a verdade é que alguns desses nomes se tornaram de tal forma conhecidos que ainda hoje há autores a ser lembrados pelos pseudónimos e não pelos nomes verdadeiros.
É impossível apontar um único motivo para explicar a decisão de um autor em assinar com pseudónimo. Por vezes, é a mera vergonha de dar a conhecer a cara ao público, outras vezes é simplesmente um capricho ou, como acontece com Fernando Pessoa, uma forma de demarcar diferentes personalidades, que se diferenciam pelo estilo de escrita e pelos temas abordados no texto.
Neste post, retiramos a máscara a alguns autores que se esconderam atrás de nomes falsos e tentamos averiguar por que motivos o fizeram.
Autores famosos que usaram pseudónimos
1 – Robert Galbraith (J.K. Rowling)
J.K. Rowling, a autora milionária dos livros Harry Potter, surpreendeu todo o mundo quando confirmou o rumor de que tinha assumido um pseudónimo, de nome Robert Galbraith, para iniciar uma série policial à volta do detetive Cormoran Strike. Apesar da editora ter promovido o autor como um antigo membro da Royal Military Police, o jornal Sunday Times revelou toda a verdade. A ideia da escritora foi a de ‘publicar sem hype ou expectativas’ e isso lá conseguiu. Antes da revelação, tinha vendido apenas 1500 cópias em cerca de três meses. A revelação provocou o impacto esperado: o livro passou para os tops das livrarias numa questão de horas.
2 – Mary Westmacott (Agatha Christie)
A rainha do policial, Agatha Christie, é bem recordada pelas histórias misteriosas de Poirot e de Miss Marple. Ao longo da sua vida, assinou 66 livros e 15 coletâneas de contos com o seu próprio nome. No entanto, com a sua faceta Mary Westmacott – que a autora confessou ter assumido para se divertir e fazer algo que não o seu trabalho – passamos do policial para um género mais novela, marcado por tragédias, romance e cenas do dia—a-dia. A autora gostou tanto da sua faceta de Mary Westmacott que, mesmo depois de ter sido descoberta, publicou mais dois livros.
3 – Mrs. Silence Dogood (Benjamin Franklin)
Benjamin Franklin tinha sentido humor. Em 1722, uma série de cartas ‘encantadas’ foram entregues a um dos primeiros jornais americanos. Tais cartas eram, supostamente, escritas por uma mulher de meia-idade, uma tal de Silence Dogood, que era na verdade o jovem Benjamim Franklin. Após ter sido negada a sua participação no jornal, Franklin decidiu vingar-se e criar um pseudónimo, certo de que só assim veria as suas palavras impressas na publicação.
4 – Clive Hamilton e N.W. Clerk (C. S. Lewis)
O pai d’ As Crónicas de Nárnia também decidiu escrever debaixo de pseudónimos. Assim, assumindo-se como Clive Hamilton, publicou Spirits in Bondage e Dymer, duas obras de poesia. Mais tarde, em 1961, voltou a assinar com um pseudónimo, desta vez como N. W. Clerk, no livro A Grief Observed onde explora os seus sentimentos após a perda da esposa.
5 – Richard Bachman (Stephen King)
Foi bem cedo no universo do terror que Stephen King estreou a sua carreira. Na altura era um jovem talentoso cheio de histórias para escrever e com muito para dar. Porém, as editoras impunham um limite e recusavam-se a publicar mais do que um livro do mesmo autor por ano. Assim, Stephen King decidiu dar a volta ao jogo e assumiu uma falsa personalidade. É assim que, logo em 1977, publica Rage – o primeiro de sete livros que têm o nome de Richard Bachman na capa e não o seu.
6 – Jonathan Oldstyle, Diedrich Knickerbocker e Geoffrey Crayon (Washington Irving)
O famoso autor de A Lenda do Sleepy Hollow fez a sua estreia em 1802 com o nome Jonathan Oldstyle. Mais tarde, ao terminar o seu primeiro livro mais longo, que combinava uma série de histórias satíricas e políticas, assina com o nome de Diedrich Knickerbocker. Mas o melhor é que Washington Irving foi mais longe e criou uma série de avisos, colocados na rua, a perguntar por Knickerbocker, um historiador alemão que se encontrava desaparecido. No fim, acabou por se revelar como uma verdadeira estratégia de marketing.
7 – Currer, Ellis e Acton Bell (As Irmãs Brontë)
Este é um dos casos em que os autores escolheram um pseudónimo mais por necessidade do que por capricho. No século XIX, as mulheres não podiam publicar livros em Inglaterra e, como tal, as irmãs Brontë decidiram adotar nomes masculinos e publicar os seus trabalhos. Aqui, podemos constatar a escolha dos pseudónimos foi bem calculada. Cada um dos seus novos nomes começava com a inicial dos nomes verdadeiros. Assim, Charlotte passou a ser Currer, Emily adotou o nome de Ellis e Anne vestiu a pele de Acton. Só após alguns trabalhos publicados é que as irmãs revelaram a verdadeira identidade ao editor que as publicava.
8 – Fernando Pessoa (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, entre outros)
É o mestre de todos os mestres. Com muitas facetas, Fernando Pessoa provou ao longo da sua carreira – embora o seu trabalho só tenha sido reconhecido postumamente – que o mesmo homem pode ser muito homens diferentes. As filosofias de vida que criou para os seus heterónimos refletem-se no tipo de poesia que escreveu, desde os temas abordados à construção vérsica e frásica.