Rita Lee: a autobiografia da Rainha do Rock Brasileiro que você tem de ler
Rita Lee senta-se num dos tronos mais prestigiados da música brasileira, mantendo há anos a coroa de Rainha do Rock Brasileiro. Com mais de 55 milhões de discos vendidos, a artista construiu uma carreira que começou com o rock mas que ao longo dos anos tocou, subtilmente, com diversos géneros, tão distintos como a psicodelia durante a era do tropicalismo, o pop rock, disco, new age, a MPB, Bossa nova e eletrónica.
A sua carreira com a música valeu-lhe, inevitavelmente, o poder de ser uma das mulheres mais influentes do Brasil. Ex-integrante do grupo Os Mutantes (1968-1972) e do Tutti Frutti (1973-1978), Lee participou em importantes revoluções no Mundo da Música e da sociedade. As suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina, escalaram às posições mais altas da tabela de músicas mais vendidas.
No que diz respeito à sua vida pessoal, é do conhecimento público a relação da artista com o mundo das drogas, assim como a sua relação com o guitarrista Roberto de Carvalho, que desde 1976 a tem acompanhado em todas as apresentações ao vivo que faz no Brasil e pelo mundo.
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No topo de tudo isto, a carreira de Rita Lee passou já a marca dos 50 anos. Da inovação e do gueto musical do final dos anos 60 e anos 70, a artista evoluiu para as baladas românticas de muito sucesso que marcaram os anos 80 e uma revolução musical. Entretanto, a artista já se apresentou com inúmeros artistas que variam de Elis Regina, João Gilberto à banda Titãs. Não é por isso de admirar que, em outubro de 2008, a revista Rolling Stone tenha oferecido a Rita Lee o 15.º lugar no ranking dos 100 Maiores Artistas da Música Brasileira.
Em 2017, todo este triunfo musical que marcou a sua vida, chega até nós de uma forma há muito aguardada: através de um livro que nos dá a conhecer os excessos, a relação com a família, os tempos da ditadura e a vida em palco são recordados pela artista brasileira Rita Lee.
A autobiografia de Rita Lee chega a Portugal
Em “Uma autobiografia”, uma obra publicada em Portugal com o selo da Contraponto, Rita Lee conta episódios da vida familiar e artística, encadeando curtas histórias ao longo de 300 páginas, ilustradas por várias fotografias inéditas que nunca antes foram vistas. O livro, que foi publicado no Brasil em 2016, foi um verdadeiro sucesso no mercado e assegurou também as primeiras posições nos tops de vendas.
Escrito na primeira pessoa, o livro acompanha o crescimento e envelhecimento de uma das figuras do rock brasileiro. Rita Lee, que conta hoje com 69 anos, evoca os dias da censura no Brasil, a sua passagem pela prisão, a vida na estrada com os Mutantes – um dos maiores grupos de rock psicadélico nascidos no Brasil -, a carreira a solo e o ativismo em defesa dos animais.
“Uma autobiografia” é rmações rapidíssimas, que viu crescer Brasília e os militares repressores no poder, a cornucópia canavalesca e a censura, o talento inato de um povão para a música, o ritmo no improviso, na composição, na cachaça e na champa, no mito e na capoeira, no futebol e no chop!”, diz Rui Reininho no prefácio que assina neste livro.
Curiosamente, um dos episódios relatados por Rita Lee tem Portugal como cenário principal. Neste livro, Rita Lee recorda uma das primeiras passagens por Portugal, quando os Mutantes deram um concerto no Teatro Villaret, em Lisboa, na primeira parte de uma atuação de Edu Lobo. “Nossa apresentação até que rolou legal, apesar de o público português pensar que éramos argentinos”, recorda Rita Lee, acrescentando que no final do concerto cortaram os cabos de eletricidade, boicotando a atuação de Edu Lobo.
No livro, Rita Lee, sem pudores e de forma direta, relata um episódio de violação na infância, fala abertamente do consumo de drogas e do relacionamento duradouro com o companheiro de vida, Roberto Carvalho.
“Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que as minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também”, escreve no livro.
Ao sabor da memória, a artista escreve que “o altar do palco é viciante, o lugar mais seguro para se viver perigosamente”, admite ser muito autocrítica em relação ao talento vocal, mas recorda o dia em que João Gilberto lhe disse que a voz dela era “bossanoveira”.
No final, a autora até imagina o que vai acontecer quando morrer – “nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório” – e deixa o seu próprio epitáfio: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.
O livro ganhou o prémio de melhor biografia da Associação Paulista de Críticos de Artes de 2016, sendo a cantora premiada na mesma cerimónia pelos seus trabalhos no campo da música popular.
Segue-se então a sinopse do livro: “Do primeiro disco voador à última overdose, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma biografia não autorizada, tamanha a honestidade com que conta as histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; a prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias. Está tudo aqui.
E o leitor pode ter certeza: esta é a obra mais pessoal que uma estrela rock lhe poderia oferecer. Rita Lee tratou de tudo: escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas – e até decidiu a ordem das imagens –, fez a capa, pensou na contracapa, nas badanas… Entregou o livro assim, totalmente pronto. Entregou-se a ela própria. Em livro.”
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