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Vinicius de Moraes: o poeta das canções que todos conhecemos

Vinicius de Moraes: o poeta das canções que todos conhecemos

by Tiago Leão

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Ele foi e ainda é um dos maiores nomes de sempre da cultura brasileira. Mas na verdade é muito mais do isso: Vinicius de Moraes permanece vivo como um farol de criatividade, talento e humanidade para todos os amantes das letras, cinema e música.

Marcus Vinicius da Cruz de Melo Moraes nasceu no dia 19 de outubro de 1913 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O pai era funcionário da prefeitura, mas ocupava os tempos com poesia e violino, enquanto a a mãe era pianista amadora. Quando a criança tinha 3 anos, a família mudou-se para bairro de Botafogo, onde viveu com os avós paternos. Seguiram-se outras mudanças dentro do mesmo bairro.

Em 1920, Vinicius de Moraes foi batizado pela Maçonaria, cumprindo o desejo do avô. O ritual causou-lhe alguma estranheza. Bom aluno, o jovem acabou por ingressar no ensino superior para estudar na Faculdade de Direito da Rua do Cacete. Lá conheceu o jornalista e escritor Otávio de Faria, que seria fundamental para o despertar do gosto pela literatura.

O curso foi concluído com sucesso em 1933. Por essa altura, Vinicius de Moraes já se tinha iniciado na escrita de poemas. Era então conhecido como “o poetinha”, alcunha que manteve até ao fim dos seus dias. O primeiro livro de poesia chama-se O Caminho para a Distância e foi editado nesse mesmo ano. Mais tarde, começou a trabalhar como censor de cinema para o Ministério da Educação e Saúde e pouco depois conseguiu uma bolsa de estudo na Universidade de Oxford, Inglaterra.

Vinicius de Moraes: a incursão pelo cinema

A carreira de sucesso continuou como crítico cinematográfico para o jornal A Manhã e como vice-cônsul de Los Angeles. Em 1945, um ano antes de ir para os Estados Unidos, sofreu um acidente a bordo de um hidroavião. Com ele estavam Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro. Mas independentemente da profissão, Vinicius de Moraes manteve sempre a produção artística.

O trabalho como crítico e o gosto pelo cinema levaram o poeta a aprofundar conhecimentos na 7ª arte. Ainda na década de 40, estudou com Orson Welles e fundou a revista Film. A morte do pai fez com que Vinicius de Moraes regressasse ao Brasil. Antes disso, privou com grandes nomes da cultura europeia, como Pablo Neruda e Di Cavalcanti.

A década de 50 foi passada em grande parte na  Europa, maioritariamente entre Paris e Roma. Lá conjugou funções como diplomata com a realização de tertúlias e encontros na casa do historiador, jornalista e escritor, Sérgio Buarque de Holanda (pai de Chico Buarque). Em simultâneo, aproveitou a oportunidade para estudar a organização de festivais de cinema, como o de Cannes.

Em 1953, escreve a peça Orfeu da Conceição, publicada no ano seguinte e mais tarde transformada no filme  Orfeu Negro, com realização de Marcel Camus. Quando Tu Passas Por Mim, primeiro samba de Vinicius de Moraes, é também composto nesse ano. A reputação como homem das letras fez com que se tornasse num nome importante no exterior e trouxe-lhe o reconhecimento dentro do país. Começou também a mítica parceria com Tom Jobim, com quem viria a compor grandes temas da música brasileira, como Eu sei que vou te Amar e Garota do Ipanema.

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O papel relevante de Vinicius de Moraes na música estendeu-se à Bossa Nova, género brasileiro que se impôs mundialmente em 1958. Chega de Saudade, escrito por Vinicius de Moraes e interpretado por Tom Jobim, foi um dos principais temas do movimento musical. Seguiram-se novas colaborações e parcerias com uma série de outros artistas.

O fim da carreira diplomática

Entre as artes e a diplomacia, o escritor brasileiro volta à Secretaria de Estado das Relações Exteriores em 1960. No mesmo ano, saía a sua famosa Antologia Poética. Nesta década ainda compôs afro-sambas com Baden Powell, e começou a fazer pocket shows (espetáculos de curta-duração) com Tom Jobim e João Gilberto. O ano de 1963 marca o regresso a Paris numa delegação do Brasil e da UNESCO. No ano seguinte, regressou ao país natal, onde um ano depois lançou Cordélia e o Peregrino.

Em 1968, foi afastado da diplomacia pelo regime militar que alegou um comportamento boémio que o impedia de cumprir as suas funções. Estava, então, em Portugal, juntamente com Chico Buarque e Nara Leão a apresentar o seu espetáculo. No mesmo dia em que soube do afastamento foi informado de que estudantes fascistas, apoiantes de Salazar, estavam à porta do teatro e que havia perigo de confusão. Os artistas foram aconselhados a sair pela porta dos fundos, mas Vinicius de Moraes preferiu enfrentar os manifestantes, recitando Poética I. No final, um estudante estendeu a capa no chão para que o poeta conseguisse passar entre a multidão. Todos os outros seguiram-lhe o exemplo.

A década de 70 foi marcada pelo início da parceria com Antonio Pecci Filho, mais conhecido por Toquinho, um grande violinista brasileiro. Da colaboração entre ambos, nasceriam temas icónicos como Como Dizia o Poeta, Tarde em Itapoã e Testamento.

Música, cinema, poesia e literatura continuaram a fazer parte da vida de Vinicius de Moraes até 9 de julho de 1980, quando faleceu na sua Cidade Maravilhosa. No dia anterior, o poeta tinha estado com Toquinho (com quem combinava os detalhes de um novo álbum) e com Guilda de Queirós Mattoso, a sua nona esposa.

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