Somos Todos Canalhas: o livro de filosofia que foi escrito a partir do WhatsApp
Todos os que têm um smartphone sabem certamente o que é o WhatsApp. O WhatsApp Messenger é um aplicativo de mensagens instantâneas que permite aos seus utilizadores comunicar com os seus contactos que também têm esse software nos seus smartphones sem, no entanto, precisarem de facto de fazer um telefonema ou de enviar um SMS. Tudo acontece graças à Internet.
Agora imaginem: e se alguém escrevesse um livro inteiro através desta aplicação? Bem, não parece fácil, pois não? Porém, a verdade é que os filósofos brasileiros Clóvis Barros Filho e Júlio Pompeu, cada um deles munido com um smartphone com WhatsApp, decidiram envolver-se numa longa conversa de mensagens de voz que foi suficiente para que escrevessem um livro… através do WhatsApp.
Já não é a primeira vez que alguém utiliza uma plataforma digital para escrever um livro. No nosso blog já falamos do The Right Short, um livro criado em segmentos de 140 caracteres (ou seja, um tweet) e publicado espaçadamente por David Mitchell na rede social Twitter. Embora seja sem sombra de dúvidas uma forma inovadora de se escrever um livro, a verdade é que este método resulta e prova que a tecnologia se adapta com a literatura melhor do que pensamos.
Neste post, contamos a história do Somos Todos Canalhas: Filosofia para uma Sociedade em Busca de Valores, o livro assinado por Clóvis Barros Filho e Júlio Pompeu.
Somos Todos Canalhas: o livro escrito através do WhatsApp
Uma vez que não vivem na mesma cidade (Clóvis mora em São Paulo e Júlio em Vitória), os dois autores encontraram no Whatsapp a melhor forma para conversarem sem qualquer custo acrescido. A publicação que chegou recentemente às livrarias é o resultado dessa conversa entre os dois.
O livro parte numa discussão que vai desde os filósofos gregos da Antiguidade Clássica até à filosofia que se faz nos dias de hoje, tocando ainda em temáticas como a fidelidade e a tolerância. Inúmeros conceitos filosóficos que aprendemos na sala de aula, como a definição de valor, belo, justo e sagrado são de novo explicados, desta vez a partir de um novo prisma.
Somos Todos Canalhas: o título em si só parece dizer muito sobre o conteúdo que vamos encontrar no livro. É uma análise a uma sociedade que parece passar por uma crise de valores. Ao que parece, este título em forma de afirmação era, no entanto, para ser uma interrogação ao público e foi mais definido pela editora do que pelos próprios autores.
Como contou Clóvis em declarações à imprensa, “O ‘canalha’ é o atributo de uma conduta, não de uma pessoa – como se poderia imaginar. Até por que para afirmar que alguém é canalha, precisaria que esse alguém agisse ‘canalhamente’ 100% do tempo, o que é muito pouco provável”, explica Clóvis Barros Filho. “É completamente absurdo pensar que alguém seja canalha o tempo todo. O título é por conta da editora”.
Se espera que este seja um ensaio filosófico, com conclusões e considerações finais, deixe-me então esclarecer desde já que o final é aberto a reflexão. Os autores recusam-se a apresentar uma resposta final que explique porque somos todos canalhas. De fato, não somos canalhas o tempo todo, mas em algum momento de escolhas certamente já agimos de forma canalha.