William Shakespeare: a biografia do autor que talvez nem tenha existido
É inglês, julga-se que terá nascido por volta de 1564 e foi escritor, poeta e dramaturgo. Da obra de William Shakespeare restam agora 37 peças, 154 sonetos, 2 poemas narrativos e uma série de versos soltos. Considerado como um dos maiores vultos da cultura mundial, o autor de Macbeth, Hamlet e Romeu e Julieta tem obras traduzidas em todos os idiomas e as suas peças transformaram-se em grandes clássicos do teatro e do cinema.
Posto isto, devemos dizer em primeiro lugar que, ainda que haja um vasto registo do trabalho de Shakespeare, pouco se sabe sobre a sua história pessoal. O primeiro documento sobre o autor remete-nos para 26 de abril de 1564, data do seu batizado. Filho de um mercador bem-sucedido e de uma herdeira abastada, William terá sido o terceiro de seis filhos.
A incógnita em relação às origens mantém-se na altura de falar da educação. Investigadores pensam que Shakespeare terá frequentado a King’s New School, em Stratford, onde viria a a aprender a ler e a escrever, e estudaria os clássicos da literatura. As dúvidas levantadas levaram alguns a questionar se William Shakespeare terá mesmo existido!
Sabe-se, no entanto, que Shakespeare casou aos 18 anos, em Worcester. A noiva e futura esposa chamava-se Anne Hathaway, tinha 26 e “dizem as más línguas” que estava grávida na altura do casamento. Da relação, nasceu Susanna, primeira filha do casal. A ela juntaram-se os gémeos, Hamnet and Judith, sendo que o rapaz acabaria por morrer com apenas 11 anos.
Do período após o nascimento das crianças pouco ou nada se conhece. Chamam-lhe, por isso, “os anos perdidos”. Os próximos registos datam da década de 1580, altura em que Shakespeare chegou a Londres e começou a trabalhar como moço das cavalariças em alguns dos maiores teatros da capital britânica.
William Shakespeare: o despertar para o teatro
Na década de 1590, William Shakespeare iniciou a carreira como ator e dramaturgo. Há inclusive registos de que, algures por volta desta data, terá sido socio-gerente de uma companhia de teatro que mais tarde se chamaria King’s Men (“Homens do Rei”), em homenagem à coroação de James I.
Os primeiros poemas assinados remontam também a este período: são eles Vénus e Adónis (1593) e A Violação de Lucrécia (1594). Pouco tempo depois, em 1597, já tinha publicado 15 das 37 peças. O sucesso permitiu a Shakespeare comprar a segunda maior casa de Stratford, local onde a famíla continuava a viver. A viagem de Londres à até cidade era feita uma vez por ano, sempre no perído da Quaresma. Durante cerca de mais ou menos 40 dias, Shakespeare ficaria na pequena cidade, ao lado da esposa e dos filhos.
O ano de 1599 marcou a abertura do Globe, o teatro que transformou o escritor num homem de negócios. Mais tarde investiu no setor imobiliário, investimento esse que acabou por se tornar numa fonte importante de rendimento. A partir daí, Shakespeare teve liberdade para dedicar mais tempo à escrita.
O início da carreira como dramaturgo começou com peças ao estilo da época, às quais foi sendo acrescentada uma dose progressiva de originalidade. Com a excepção de Romeu e Julieta, muitos dos trabalhos pelos quais William Shakespeare é mais conhecido foram escritos após 1600. Falámos, por exemplo, de Hamlet, Rei Lear, Otello e Macbeth.
Explorando comédia e tragicomédia, William Shakespeare criou personagens tão humanas que se tornariam intemporais. Traições, estigmas sociais e questões moralmente dúbias são pontos recorrentes do trabalho do dramaturgo que faleceu a 23 de abril de 1716.
Será que Shakespeare existiu mesmo?
Cerca de 150 anos após a morte de Shakespeare, começaram as dúvidas sobre a autoria das peças. Registos civis são de conhecimento público e sabe-se que o jovem terá mesmo sido batizado. A dúvida agora é se terá sido mesmo ele o autor de tão grandiosas peças.
Especialistas começaram então a divagar sobre outros autores igualmente importantes e que poderiam ter estado por detrás do trabalho atribuído a Shakespeare: nomes como Christopher Marlowe, Edward de Vere e Francis Bacon.
Um dos principais motivos por detrás da desconfiança prendia-se com a educação: afinal, como é que alguém que teve um ensino tão modesto poderia ter escrito uma obra tão importante para a literatura? O ceticismo foi ao rubro durante o século XIX, altura em que as peças de Shakespeare estiveram no auge da popularidade.
Até à atualidade, a questão sobre quem foi realmente Shakespeare continua a dividir opiniões. A maioria das escolas e instituições que estudam o seu trabalho dizem que ele, de facto, escreveu as peças que lhe são atribuídas. Por sua vez, membros da Shakespeare Oxford Society lançaram 4 argumentos onde explicam por que motivos consideram que as peças de Shakespeare foram, na verdade, escritas por Edward de Vere.
Polémicas à parte, para a história ficaram obras imortais, poemas e peças com um enorme valor para a literatura. Abrindo as portas para outros tempos, estas obras literárias retratam contextos políticos e culturais ao mesmo tempo que nos presenteiam com personagens, cuja natureza humana é intemporal.
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