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A Arte da Guerra: leitura obrigatória até para não-beligerantes

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A Arte da Guerra: leitura obrigatória até para não-beligerantes

by Tiago Leão

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Ainda que sendo um livro de estratégia militar pura, A Arte da Guerra é considerada até aos dias de hoje como uma obra de leitura obrigatória mesmo para não-beligerantes. O livro, que é reconhecido como um dos maiores legados da China Antiga e tem autoria atribuída a Sun Tzu, embora tal facto esteja envolto em alguma polémica.

Da mesma forma que alguns negam a existência de Homero, também são vários os estudiosos que dizem que o general e filósofo chinês, Sun Tzu, nunca terá existido. O período temporalmente longínquo em que a obra foi escrita (por volta do século VI a.C.) dificultou a compreensão total da mensagem, que – com as sucessivas adaptações – acabou inevitavelmente por se degradar.

Neste artigo, falamos-lhe da obra que esteve por detrás da construção de impérios e que moldou o pensamento de algumas das mais importantes figuras da história mundial. Continue a ler e saiba mais sobre .

A Arte da Guerra: Um livro, diferentes interpretações

A base para as versões de A Arte da Guerra que hoje temos nas estantes parte já de uma interpretação realizada, no século no século II a.C., pelo também estratega T’sao T’sao. Dizem os especialistas que na altura ele terá eliminado aquilo que lhe parecia supérfluo para construir uma versão simplificada do original.

Ainda que sendo um resumo, a interpretação das palavras de T’sao T’são não seriam fáceis: em chinês antigo, a inexistência de pontuação e o carácter dúbio de alguns caracteres (que podem significar coisas diferentes ou até opostas) tornaram difícil a tradução exata.

Durante vários séculos, A Arte da Guerra foi lida por generais chineses: por ordem do imperador Cheng Tsun, a obra tornou-se obrigatória para todos os que aspiravam a uma carreira militar.

A chegada ao ocidente deu-se nos séculos XIV e XVII, mas só em 1722, com o despertar do Iluminismo, é que se redigiu a primeira tradução, desta feita para francês. Decorria então o reinado de Luís XV.

Algum tempo depois, A Arte da Guerra serviu de inspiração para Napoleão, funcionando como pilar para um dos maiores impérios que a Europa conheceu.

No início do século XX, a obra começou a ganhar popularidade em Inglaterra, onde foram desenvolvidas versões melhoradas. Posteriormente, o livro chegou à Alemanha, onde o legado de Carl von Clausewitz ainda era forte. Nos anos que se seguira, a obra continuou a ser preponderante, principalmente tendo em conta as duas guerras mundiais. A Arte da Guerra foi depois traduzida para russo e tornou-se obrigatória nas academias militares da República Democrática Alemã.

A versão que hoje prevalece foi traduzida por Samuel B. Griffith, um comandante norte-americano que criou as bases para várias traduções que se seguiram.

A Arte da Guerra: Mais do que estratégia militar

Subsistindo à passagem do tempo, mantém-se atual não só pelos princípios basilares de estratégia militar que estabelece, mas também pelos ensinamentos de que dela podemos retirar. No meio da leitura, é frequentemente dar por nós a fazer paralelismos imediatos com situações correntes do dia-a-dia e que pouco têm que ver com guerra no sentido mais bélico da palavra.

O livro tem um total de 13 capítulos, onde se explora o processo bélico, desde a análise do terreno a qual a melhor tática. O objetivo inicial de Sun Tzu era tornar a guerra num processo rápido, do qual resultassem as menores perdas possíveis para a economia. A obra foi pioneira exatamente por associar as duas realidades, estabelecendo um pensamento estratégico modelo para generais e governantes.

Funcionando tanto para pequenos como para grandes conflitos, A Arte da Guerra pode ser considerado como um verdadeiro guia estratégico voltado para a formatação do pensamento em direção aos objetivos. Se pensarmos à luz dos dias que correm, o livro não é assim tão diferente de um manual de empreendedorismo ou de liderança. Superioridade numérica, força anímica e uso de informantes/espiões são alguns dos tópico que Sun Tzu explorou.

Por último, há um ponto importante a salientar. Apesar de à primeira vista o poder parecer, não é uma apologia ao conflito injustificado, nem tampouco à guerra pela guerra. Pelo contrário, a obra possui um lado pacifista que diz que o conflito é uma via que apenas devemos seguir em último caso. Se o fizermos, devemos premeditar todas as ações para que consigamos vencer. Acima de tudo, salienta, é preciso ter a consciência de que por mais arte que apliquemos, a guerra implica sempre enormes perdas tanto para vencedores como para vencidos.

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