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Como o ano de 2016 vai trazer de volta a magia de Harry Potter

Harry Potter

Como o ano de 2016 vai trazer de volta a magia de Harry Potter

by Eduardo Aranha

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Lembro-me perfeitamente do verão do ano de 2007. Tinha 14 anos, quase a fazer 15 e a recordação mais vívida que tenho desse período é a de ter um livro debaixo do braço durante exatamente 9 dias. O livro em questão era Harry Potter and the Deathly Hallows (traduzido nos meses seguintes para Harry Potter e os Talismãs da Morte, em Portugal e Harry Potter e as Relíquias da Morte, no Brasil). A ânsia de ler aquele último livro do Rapaz Que Sobreviveu era tal que não pude esperar pela tradução: comprei a edição inglesa mal chegou às livrarias.

Porém, à medida que ia passando de capítulo para capítulo, ia-se instalando em mim uma sensação estranha. Aquele era, afinal, o último livro de Harry Potter. A última história da saga que me acompanhou durante anos. Que me viciou a ler (e motivou a escrever) fanfictions – histórias criadas por fãs – e até mesmo a criar um fórum online de discussão da saga com um grupo de amigos.

Pela altura em que cheguei à última página, lembro-me que me virei para a Internet para procurar algum indício de que aquele não era mesmo o fim. Mas J. K. Rowling estava decidida: estava na hora de parar de escrever sobre o Rapaz Que Sobreviveu. Pelo menos por enquanto. Tinha outros projetos em mente, como veio a comprovar com o livro The Casual Vacancy (Uma Morte Súbita), o primeiro romance da autora para um público adulto.

Eventualmente, aceitei o fim da saga Harry Potter e o sentimento de saudade foi-se desvanecendo com o passar do tempo. Fui crescendo, comecei a ler outros autores. Volta e meia, quando a saudade apertava mais forte, voltava a pegar na saga para regressar a e a toda a sua magia. Mas foi então que a feitiçaria começou a ressurgir.

Pottermore: something wicked this way comes

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Através de entrevistas e do Twitter, J. K. Rowling foi relevando através da sua conta do Twitter algumas lacunas sobre o mundo da magia. Porém, estes pequenos pedaços de informação eram como migalhas. Tinham sabor mas não nos deixavam realmente satisfeitos. Enquanto o universo de merchandise foi crescendo – a abertura de um Parque Temático em Orlando e dos estúdios, em Londres, onde foram filmados os filmes – não havia de facto uma história nova.

Em 2012 não estava nada à espera que J. K. Rowling anunciasse a criação do Pottermore. Por muitas críticas negativas que esta plataforma tenha recebido por parte dos fãs (principalmente por ser um site pouco dinâmico), o Pottermore provava que a autora afinal não se tinha desprendido tanto do mundo da magia como dava a entender. Nesta plataforma, ia partilhando histórias “extra” da saga Harry Potter, fazia uma espécie de retrospeção de cada capítulo, partilhava curiosidades interessantes sobre este mundo e algumas das suas personagens. Os utilizadores podiam até ser selecionados para uma das quatro equipas de Hogwarts e receber pontos para competir pela Taça da Equipa.

Isto, por si só, fez-me regressar de novo ao mundo da magia e a estar mais empolgado. Tal como muitos fãs, comecei a alimentar a esperança de que algum anúncio importante estava para acontecer em breve. E esperava que fosse mais do que a enciclopédia sobre o universo de Harry Potter que J. K. Rowling tem vindo a prometer desde há muito tempo.

O “Homem” que Sobreviveu… e o Rapaz Amaldiçoado

As minhas suspeitas (e a de todos os fãs) confirmaram-se. No final de 2013, quase como se tratasse de uma prenda de Natal, J. K. Rowling confirmou que estava a trabalhar há mais de um ano numa peça de teatro que se ia focar no passado de Harry Potter, antes de partir para Hogwarts. A pouco e pouco, porém, a história foi-se moldando e em 2015 chegou a confirmação de que esta peça se ia focar afinal não no passado mas sim no futuro.

81ct6gwJHjLAssim, no verão de 2016, marca-se o início de uma nova Era para o Rapaz Que Sobreviveu. É uma data apropriada, já que a peça estreia no palco do Palace Theatre, em Londres, na véspera do aniversário de Harry Potter, ou seja, dia 30 de julho. A história de Harry Potter and the Cursed Child retoma precisamente ao ponto onde terminou a saga, ou seja, 19 anos depois da Batalha de Hogwarts e da morte de Lord Voldemort.

O enredo foca-se em Harry, agora um funcionário do Ministério da Magia, e no seu segundo filho, Albus Severus Potter. Personagens antigas vão também fazer parte da peça, como é o caso do melhor amigo de Harry, Ron Weasley e de Hermione Granger. Ginny Weasley (que casou com Harry) e Draco Malfoy (o rival de longa data do Rapaz que Sobreviveu) estão também de regresso.

Como nem todos os fãs se podem deslocar até Londres para assistir à peça de teatro, o roteiro da peça vai ser lançado como livro para que todos possam assim conhecer a história. Embora ainda não tenha sido explicado porquê, sabe-se que a peça se encontra dividida em duas partes, que devem ser vistas no mesmo dia ou pelo menos em noites seguidas.

Os fãs, mesmo que preferissem um livro novo sobre o Rapaz que Sobreviveu, não ficam descontentes com a peça de teatro. Afinal de contas, é uma nova história e isso é o que importa.

Entretanto, embora tenhamos ficado todos muito contentes com esta novidade, uma outra notícia tinha sido revelada alguns meses antes da peça de teatro.

Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los

Todos têm a noção de que os oito filmes adaptados dos livros de Harry Potter arrecadaram milhões de dólares. Por isso, faz mais do que sentido que se volte em apostar em mais filmes neste universo certo, certo? Porém, quando não há história, é preciso criá-la.

 

41yzN8YSW1L._SX322_BO1,204,203,200_Embora não haja planos (pelo menos para já) para adaptar a peça de teatro Harry Potter and the Cursed Child à Sétima Arte, J. K. Rowling concordou em escrever o argumento original para um filme que se passasse neste universo e que funcionasse como uma espécie de prequela. Em vez de se focar numa personagem que seja nossa conhecida da saga original – como os pais de Harry Potter, Albus Dumbledore ou até mesmo Voldemort – o filme foca-se em Newt Scamander.

Para quem não é fã aferroado da saga, este é provavelmente um nome que não lhe diz nada. É verdade que esta personagem nunca apareceu nos livros ou tenha sido sequer mencionada nos filmes. Porém, se prestarmos atenção à lista de livros escolares de Harry Potter (que surge no primeiro livro da saga), descobrimos este nome como sendo o autor de Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-las.

E sim, é verdade que existe um livro com este título. Um livro a sério, que podemos comprar. E que até se encontra assinado por Newt Scamander. Mas desengane-se se acha que vai encontrar nele a história do filme que chega aos cinemas em novembro de 2016. Este é um livro que descreve dezenas de criaturas mágicas, funcionando como uma espécie de manual escolar.

O que o filme Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-las vai mostrar é como Newt Scamander – interpretado por Eddie Redmayne, vencedor de um Óscar de Melhor Ator em Papel Principal – conheceu todas as criaturas de que fala no seu livro. O argumento cinematográfico escrito por J. K. Rowling leva-nos por isso ao mundo da magia para nos revelar a história de Newt e das aventuras que viveu! À semelhança do que vai acontecer com a peça de teatro, o roteiro do filme vai ser lançado também em versão impressa.

O filme é o primeiro de três e distingue-se de qualquer outro filme que tenhamos vistos o território de Harry Potter. Para começar, a história situa-se nos Estados Unidos e não no Reino Unido, mais precisamente na cidade de Nova Iorque, no ano de 1926. Por esta altura, a comunidade de feiticeiros nova-iorquinos é alvo de perseguição por parte de um grupo de No-Majs (o termo usado nos EUA para se referirem a pessoas sem magia).

Após um incidente com a sua mala magicamente alargada – onde guarda dezenas de criaturas – Newt tem de lidar com o Congresso da Magia dos Estados Unidos da América (MACUSA), um governo que não sabíamos sequer que existia, para evitar que as criaturas que andam à solta pela cidade provoquem danos.

Um universo que desconhecemos

A preparar o “caminho” para o filme, J. K Rowling tem oferecido inúmeros conteúdos originais aos fãs. Através da nova versão do Pottermore, revelou que existem várias escolas de feitiçaria no continente americano. Na Europa, já conhecíamos a existência de duas escolas para além de Hogwarts, nomeadamente Beauxbatons (França) e Drumstrang (algures na Europa de Leste). Agora, no entanto, passamos a conhecer também uma escola nos Estados Unidos, chamada Ilvermorny e até mesmo uma no Brasil, com o nome Castelobruxo.

A Escola Castelobruxo, situada no coração da floresta Amazônia, acolhe alunos de todos os cantos da América do Sul. Ao contrário de Hogwarts, que tem um aspeto mais medieval, o edifício de Castelobruxo é construído com pedras douradas que lhe dão um ar místico, quase como se tratasse de um templo. O exterior, claro está, encontra-se protegido por seres espirituais pequenos, peludos, que protegem os alunos e as criaturas que vivem na floresta.

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Os estudantes de Castelobruxo usam vestes verdes e têm especial habilidade para disciplinas como Herbologia e Magizoologia. A escola também tem programas de intercâmbio muito populares entre os estudantes europeus interessados em estudar a magia na fauna e flora da América do Sul.

Às escolas americanas juntam-se ainda estabelecimentos de ensino na África do Sul (A Escola de Magia de Uagadou ) e no Japão (Escola de Magia Mahoutokoro), o que prova que afinal o ensino da feitiçaria não está restrito aos alunos europeus. Podem encontrar mais informação sobre essas escolas aqui.

E em 2016 as ilustrações também continuam

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Em 2015, já tínhamos sido deliciados com a versão ilustrada de Harry Potter e a Pedra Filosofal pela mão do ilustrador Jim Kay. Em 2016, chega a versão ilustrada do segundo título da saga, Harry Potter e a Câmara dos Segredos, uma vez mais pela mão de Jim Kay e que já conta com uma capa. É certamente uma excelente forma de recordar a magia da saga original e de a preservamos para uma nova geração.


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